Mulheres no poder

Ministras já são maioria em tribunais superiores de 11 estados americanos

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8 de abril de 2018, 7h23

O resultado da eleição para o cargo de ministro do Tribunal Superior de Wisconsin, confirmado na quarta-feira (4/4), sedimentou o domínio das mulheres na mais alta corte do Judiciário do estado com a vitória da juíza Rebecca Dallet. Quando ela tomar posse, o tribunal, que é constituído por sete ministros, terá seis ministras — e apenas um ministro.

Com isso, a mais alta corte de Wisconsin será o tribunal mais dominado por mulheres do país — 85,7% de participação feminina.

Oregon, que estava empatado com Wisconsin em número de ministras, com cinco mulheres em um quadro de sete ministros, ficou em segundo lugar no país em termos percentuais: 71,4% de participação feminina.

O estado de Washington também tem sete ministras, mas em um quadro de nove ministros. Percentualmente, fica em terceiro lugar, com 66,7% de participação feminina.

Estado Número de ministras Total de ministros Percentagem de participação feminina
Wisconsin 6 7 85,7%
Oregon 5 7 71,4%
Washington 6 9 66,7%
Novo México, Tennessee, Vermont e West Virginia 3 5 60%
Arkansas, Maryland, Minnesota e Ohio 4 7 57,1%

Iowa é o único estado do país sem nenhuma ministra em seu tribunal superior. E tribunais superiores de 12 estados têm apenas uma ministra. São todos estados notadamente conservadores.

Esses estados reduzem a percentagem nacional de mulheres no poder (no Judiciário). Dos 332 cargos de ministros de todos os tribunais superiores estaduais, 119 são ocupados por mulheres — ou 35,8%.

De qualquer forma, essa percentagem é bem maior do que a de participação feminina em altos cargos no Executivo e no Legislativo. Aliás, no Judiciário, o cargo de presidente do Tribunal Superior é ocupado por mulheres em 16 estados.

Em Wisconsin, as mulheres venceram todas as últimas seis eleições para o Tribunal Superior do Estado, segundo o Journal Sentinel, o Business Insider, o Wisconsin State Journal, o site Smart Politics e a Milwaukee Magazine.

A Milwaukee Magazine fez um levantamento que mostra a predileção dos eleitores do estado por mulheres no tribunal superior. De 1993 a 2017, foram 19 eleições para ministro do tribunal. Concorreram, nas 19 eleições, 19 mulheres e 28 homens. As mulheres ganharam 13 eleições (68%), e os homens, seis (21%).

Vitória democrata
A vitória de Rebecca Dallet também foi uma vitória do Partido Democrata. As eleições de ministros no estado não são partidárias. Mas a nova ministra é ideologicamente liberal e, por isso, foi apoiada pelo Partido Democrata.

Ela venceu o candidato conservador Michael Screnock, que tinha o apoio do Partido Republicano e do governador republicano Scott Walker. A ministra ocupará a cadeira que pertencia ao ministro conservador Michael Gableman, que não concorreu à reeleição para um segundo mandato. Em Wisconsin, os ministros têm um mandato de 10 anos.

Gableman desistiu de concorrer por causa de sua má fama. Em 2015, ele deu um voto decisivo em favor da Wisconsin Manufacturers & Commerce, que havia contribuído com milhões de dólares a sua bem-sucedida campanha eleitoral para o primeiro mandato.

De qualquer forma, esse “escândalo” ajudou Rebecca Dallet, que é juíza há 10 anos. Em sua campanha, ela prometeu que lutaria para melhorar as regras que orientam o impedimento de ministros de participar de julgamentos da corte quando uma das partes é um grande doador de sua campanha eleitoral. E, obviamente, ela criticou Gableman e a maioria conservadora da corte por contaminar julgamentos com “interesses especiais”.

Até agora, a corte tem uma maioria conservadora e 5 a 2. Com a vitória de Rebecca Dallet, a maioria será reduzida para 4 a 3.

A vitória de uma candidata liberal, ligada ao Partido Democrata, levou o governador Scott Walker à televisão, para pedir ao Partido Republicano e aos eleitores republicanos doações para sua campanha de reeleição. Ele argumentou que precisa vencer a “onda azul” que está assolando o país.

Azul é a cor do Partido Democrata, que é chamado insistentemente pelos comentaristas conservadores/republicanos da rádio e TV de “a esquerda” (embora não seja, realmente, de esquerda). A cor do Partido Republicano, que é “a direita”, é o vermelho.

A suposta “onda azul” deriva do fato de o Partido Democrata estar vencendo todas as eleições fora de época no país. As seguidas vitórias de candidatos democratas são atribuídas à alta impopularidade do presidente Trump. E isso preocupa muito os republicanos porque, em novembro deste ano, haverá eleições para deputados, um terço dos senadores e governadores, entre outras.

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