Pressão da imprensa

Gilmar Mendes afirma que nunca viu mídia tão opressiva como no caso Lula

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4 de abril de 2018, 16h54

O ministro Gilmar Mendes disse nesta quarta-feira (4/4), durante o julgamento do pedido de Habeas Corpus de Lula, que nunca viu uma cobertura tão opressiva da imprensa como a atual. Ele qualificou como chantagem a campanha deflagrada pelos principais veículos de comunicação que pressionam a corte para tornar automático o encarceramento de réus condenados no primeiro e no segundo grau.

Carlos Humberto/SCO/STF
Ministro Gilmar Mendes analisa como chantagista cobertura da imprensa. 

"Nesses meus 15 anos de Supremo Tribunal Federal eu já vi quase de tudo. Mas nunca vi uma mídia tão opressiva como essa que está sendo feita neste caso. Se tivermos que decidir causas como essa porque a mídia quer esse ou aquele resultado, melhor irmos para a casa”, disse Gilmar Mendes.

Como exemplo, citou reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre as férias em dobro dos ministros do STF. Ele afirmou que, embora defenda o fim da prática, divulgar o assunto neste momento foi uma clara tentativa de chantagem.

Citou também reportagem da Rede Globo que, em sua visão, buscou expô-lo como um juiz incoerente, o que ele repudia.

Além desses exemplos, outros veículos de imprensa publicaram reportagens com esse tom. A revista Veja apresentou em sua capa da última edição o desenho de forcas, afirmando que a operação "lava jato" irá acabar se o STF conceder Habeas Corpus a Lula. 

Já o jornal O Estado de S. Paulo publicou reportagem afirmando que a ministra Rosa Weber irá definir o julgamento e viabilizar ou não a "ofensiva petista ao Planalto".

Para o ministro, a mídia encetou um engodo ao fazer crer que a discussão central se dá em torno de Lula e não sobre um valor maior que é a obediência a uma cláusula pétrea da Constituição.

Gilmar admitiu que a Justiça criminal é falha e disse conhecer “como poucos” o sistema carcerário brasileiro e suas injustiças e violações, ao promover mutirão quando era presidente do Conselho Nacional de Justiça. A iniciativa liberou muitos presos que estavam encarcerados de forma indevida.

“Lido com essa questão pela ótica dos direitos humanos, não da demagogia, pela onda do punitivismo. Conheço a realidade de quem não pode pagar advogado”, disse o ministro.

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