Câmeras contra a Justiça

Transmissão de julgamentos é nefasta ao Judiciário, diz Walter Ceneviva

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28 de setembro de 2017, 15h42

Se a sociedade do espetáculo emburrece, massifica, catatoniza o cidadão, por que fazer dos julgamentos um show? Só se for para boçalizar também os tribunais. A afirmação foi feita pelo advogado Walter Vieira Ceneviva, durante um debate no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, que analisava projetos de lei sobre restrições às transmissões de audiências e julgamentos.

Integrante do conselho, Ceneviva reconheceu que a publicidade dos atos dos agentes públicos é regra. Porém, segundo ele, há outros meios de dar publicidade aos atos do Judiciário, mediante portas abertas, autos judiciais públicos e acessíveis, inclusive pela internet.

Para ele, o fato câmera e microfones altera o modo como os magistrados julgam. "Considerando que o trabalho dos tribunais é a análise ponderada e percuciente de cada caso, não podemos, enquanto sociedade, aceitar que essas câmeras aplainem aos juízes envergonhados e projetem aos performáticos da toga", afirma.

Ceneviva diz ainda que essa espetacularização dentro do Judiciário torna o ato de distribuir Justiça em um mero evento cenográfico. "A hipérbole da câmera e do microfone, na sala de sessões dos tribunais, não só é desnecessária para dar a publicidade, como é nefasta para o fim a que se destinam os tribunais, ou seja, para fazer justiça. Quando acendem–se as câmeras, apaga–se a esperança de que haverá justiça", complementa.

Clique aqui para ler o voto de Walter Ceneviva

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