Denúncia genérica

Defesa de Lula classifica acusação na zelotes como caso kafkiano

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30 de outubro de 2017, 15h22

A linha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso zelotes é a incredulidade. A petição feita por seus advogados questiona basicamente quais são as provas do Ministério Público Federal e onde os atos do petista se enquadrariam como corrupção passiva.

“O Defendente [Lula] não consegue identificar com clareza de quais fatos teria que se defender, quais as contraprovas a produzir, em suma, o que esclarecer à Justiça… Digno de Franz Kafka!”, afirma a defesa.

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Lula é acusado de receber propina para editar medidas provisórias no setor da indústria do automóvel. Reprodução 

Na denúncia acolhida pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, o Ministério Público Federal acusa Lula e o ex-ministro Gilberto Carvalho de beneficiar montadoras de veículos por meio da edição de medidas provisórias. De acordo com a denúncia, as empresas automobilísticas teriam prometido R$ 6 milhões a Lula e Carvalho em troca de benefícios para o setor.

Os advogados de Lula afirmam que não há nenhuma prova ou indício que ligue o ex-presidente aos supostos atos de corrupção e que nenhum dos empresários envolvidos liga o petista aos episódios.

O MPF se baseia em duas cartas encontradas na casa de um réu e destinadas a Lula, mas os advogados apontam que não há nenhum indício de que elas foram de fato enviadas ou chegaram às mãos do ex-presidente.

Rascunho apresentado como prova.Reprodução

Outro ponto questionado é o rascunho encontrado na casa de um empresário e apresentado pelo MPF. Nele aparecem escritos “Pres.” e “Ok”. Para os procuradores, o papel seria prova de que Lula recebeu propina, pois seria uma recado do lobista Alexandre Paes (acusado de mediar o pagamento de propinas das empresas aos agentes políticos) ao também lobista Francisco Mirto, que atuava na M&M, empresa de lobby que também teria atuado de forma ilícita para beneficiar clientes.

"Ao que parece, foram identificadas as transferências da MMC à M&M e desta à SGR. O dinheiro foi transferido aos agentes públicos? Quanto coube a cada um? Foi entregue pessoalmente? Onde está o registro do saque? São muitas perguntas para nenhuma resposta", dizem os advogados na petição.

A defesa de Lula é feita por Cristiano Zanin e Roberto Batochio.

Clique aqui para ler a petição. 

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