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“Atacar leniência pode acabar com ‘lava jato'”, diz advogado da UTC

27 de outubro de 2017, 16h55

Por Redação ConJur

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Existem membros do Estado que são ludistas: para acabar com os crimes de colarinho branco, querem acabar com as empresas. A comparação com os monges que quebravam máquinas para lutar contra o avanço tecnológico foi feita pelo advogado Sebastião Tojal, responsável pelo acordo de leniência da UTC, o primeiro fechado pela operação “lava jato” e que deve permitir o retorno de R$ 574 milhões aos cofres públicos.

Em entrevista à revista Veja, Tojal afirmou que a disputa corporativista de setores do Estado por protagonismo no que dizem ser "combate a corrupção" pode colocar em risco a “lava jato” e a Lei Anticorrupção, levando conglomerados inteiros à falência.

"Toda e qualquer tentativa de boicotar o que já foi feito conspira contra o êxito da 'lava jato'. A instabilidade produzida por governo e Justiça traz como resultado o desestímulo a novos acordos de leniência. As empresas têm sido surpreendidas por cobranças inesperadas. É como se nada tivesse sido produzido até aqui. O que já ocorre é que outras empreiteiras retardaram o processo de negociação até que o cenário fique mais claro", afirmou o advogado.

Tojal rebateu a ideia de que o acordo de leniência preserva a impunidade. "Essa falácia precisa ser desfeita. O que se pretende é a satisfação de objetivos variados, que vão da necessidade de ressarcimento do erário à preservação da empresa como fonte geradora de recursos, riquezas, empregos", disse.

*Texto editado às 16h11 do dia 31 de outubro para correção.