Sessão póstuma

Requião e deputada pedem homenagem do Congresso por "compaixão" a reitor morto

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11 de outubro de 2017, 21h15

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) solicitou que o Congresso Nacional promova sessão solena em 31 de outubro para homenagear Luiz Carlos Cancellier, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, “em razão dos serviços prestados à democracia e à educação brasileira”. O pedido também é assinado pela deputada Érika Kokay (PT-DF).

Cancellier atirou-se de um shopping no dia 2, depois de ter passado dias presos sob suspeita de atrapalhar apuração da Corregedoria da UFSC sobre suposto desvio de R$ 80 milhões que seriam usados em cursos de educação a distância. Foi solto logo depois e proibido de entrar na universidade.

Para Requião e Kokay, a homenagem é necessária para demonstrar “compaixão” pelo sofrimento do professor e também o “sentimento nacional de indignação”. Os autores afirmam ainda que ele militou no movimento estudantil, foi jornalista, participou de campanhas pela Diretas Já e prestou assessoria durante a Assembleia Constituinte.

Outra iniciativa partiu da senadora Regina Sousa (PT-PI), que em 4 de outubro pediu audiência pública na Casa para debater circunstâncias que levaram à morte do reitor. Um grupo de senadores de diferentes partidos já afirmou que Cancellier foi “vítima de perseguição judicial injustificada e atentatória contra os direitos humanos fundamentais”.

Debate e responsabilidades
As associações dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), dos Procuradores da República (ANPR), dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e dos Juízes Federais de Santa Catarina (Ajufesc) negam que o suicídio do reitor signifique exagero na condução de investigações e processos.

Em nota divulgada no sábado (7/10), as entidades disseram que “uma tragédia pessoal não deveria ser utilizada para manipular a opinião pública”, pois juízes, delegados e membros do Ministério Público Federal “norteiam-se pelos princípios da impessoalidade e da transparência, atuando de forma técnica e com base na lei”.

Já o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil criticou a espetacularização do processo penal, enquanto o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, declarou que o suicídio “serve de alerta sobre as consequências de eventual abuso de poder por parte das autoridades”.

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