Liberdades e desafios

Conferência da Advocacia começa com defesa da classe para a democracia

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27 de novembro de 2017, 13h38

“A realidade da advocacia não está nas capas dos jornais”, afirma o presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia. Com a frase, ele resumiu o tom dos discursos de abertura da XXIII Conferência Nacional da Advocacia, iniciada nesta segunda-feira (27/11), em São Paulo.

Como representantes do direito de defesa, os advogados são a medida da democracia, disse o presidente. E atacá-los é fragilizar as garantias dos cidadãos. Os discursos convergiram a críticas à situação atual do país — “um governo sem legitimidade e um Congresso sem desacreditado”, disse Lamachia.

OAB-SP
Convidado para a abertura, maestro João Carlos Martins cumprimenta o presidente da OAB-SP, 
Marcos da Costa, e o jurista Mariz de Oliveira. 
OAB-SP

As falas, entretanto, apontaram o remédio: “Não resta alternativa senão fortalecer o painel das liberdades. Urge incentivar mais manifestações para vermos despontar novas lideranças, quadros diferenciados das práticas carcomidas do passado. Urge assegurar a liberdade de uma imprensa vigilante, focada na denúncia das mazelas públicas”, declarou o presidente da seccional de São Paulo, Marcos da Costa.

A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, também fez declarações nesse sentido. Segundo ela, “a injustiça é um sofrimento”, e por isso “a sociedade tem de respeitar e fazer respeitar os direitos fundamentais”. “A sociedade precisa superar a violência contra o outro perante um mundo ameaçado pela desintegração”, disse.

A conferência acontece este ano em São Paulo, estado com o maior número de advogados atuantes, segundo a estatística oficial da OAB. Até a próxima quinta-feira (30/11), serão promovidos painéis, debates e discussões sobre os mais variados assuntos ligados ao mundo jurídico, do controle de constitucionalidade à reforma trabalhista e aos desafios da advocacia internacional.

ConJur
Representantes da OAB, ministros e demais autoridades compõem mesa de abertura do
23º Congresso Nacional da Advocacia; evento será promovido até quinta-feira (30/11)
ConJur

Da abertura, o que ficou foi a conclamação da advocacia como forma de medida da quantidade de democracia de uma sociedade. A advocacia brasileira, ao longo do tempo, teve compromisso com a defesa dos direitos humanos, contra o autoritarismo, contra as ditaduras, contra qualquer forma de opressão, disfarçadas ou não”, declarou o presidente da OAB do Espírito Santo, Homero Mafra, também coordenador do Colégio de Presidentes de Seccionais do Conselho Federal.

OAB-SP
Mariz de Oliveira, Alberto Toron, Márcio Elias
Rosa e Arnoldo Wald participaram da abertura.
OAB-SP

“Não será diferentes agora, nesses tempos difíceis que vivemos”, disse. Em seu discurso, Mafra disse ser necessário defender “bandeiras impopulares” se esse for o preço da defesa dos direitos fundamentais de todos os cidadãos. “Sem a política, a alternativa é a ditadura”, disse.

“Não nos peçam silêncio, somos advogados”, discursou Mafra, corroborado  pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: “A advocacia não é uma profissão de covardes”, disse, citando Sobral Pinto.

Leia a íntegra dos discursos:
Claudio Lamachia
Marcos da Costa
Homero Mafra

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