Campeões nacionais

Investimentos na JBS "estão entre os melhores já feitos" pelo BNDES, diz frigorífico

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6 de novembro de 2017, 17h10

“Os investimentos feitos pelo BNDES na JBS estão entre os melhores negócios feitos pelo banco estatal”, garante o frigorífico. Em documento enviado ao Tribunal de Constas da União segunda-feira (6/11), a companhia nega qualquer irregularidade na compra de participação em seu quadro acionário pelo BNDES Participações (BNDESPar), e afirma que o negócio resultou em lucro para o banco estatal.

As informações foram divulgadas depois que o TCU viu indícios de irregularidades na operação entre o BNDESPar e a JBS, que podem ter resultado em perdas de mais de R$ 300 milhões. De acordo com decisão do dia 19 de outubro deste ano, o banco deu “tratamento privilegiado” ao frigorífico quando investiu nele, por meio da compra de participação acionária. O TCU decidiu transformar a auditoria em "tomada de contas especial".

A compra de participação na JBS pelo BNDES foi dos maiores negócios da história do banco. Fez parte da política do banco de escolher “campeões nacionais” e fomentar seu crescimento. De acordo com o relatório das atividades do BNDES de 2009, naquele ano o investimento em grandes empresas cresceu 63%, enquanto em pequenas empresas, 27%, sempre em relação a 2008.

Na JBS, foram investidos R$ 3,5 bilhões entre 2008 e 2009, para que o frigorífico brasileiro pudesse comprar empresas nos Estados Unidos e se tornasse dos maiores produtores de proteína animal do mundo. A operação analisada pelo TCU em outubro deste ano foi para a compra do National Beef Parking, por US$ 970 milhões, e da divisão de carnes da Smithfield Foods.

O TCU entendeu que o dinheiro não foi aplicado da forma que deveria, embora o destino dos aportes tenha sido “fundamento essencial” para a aprovação da operação. Isso, para o relator do processo, ministro Augusto Sherman, denota falta de acompanhamento da operação por parte dos técnicos do banco. “Com base em critérios conservadores”, diz Sherman, há indícios de que R$ 787 milhões tenham sido desviados de sua finalidade definida em contrato.

A JBS discorda. Afirma que os aportes do BNDES não foram irregulares, eles resultaram em lucro para o banco. Dos R$ 3,5 bilhões, diz a empresa, R$ 3,2 bilhões voltaram até 2016 como adiantamento de liquidez e outros R$ 1,8 bilhão foram pagos como juros. “Para cada R$ 1 que investiu, recebeu R$ 1,48 de volta”, diz a JBS.

O TCU vê indícios de irregularidade especialmente na compra do National. Segundo o tribunal, foram feitos sucessivos aditivos no contrato de investimento entre o BNDESPar e a JBS. Eles resultaram em aumento de R$ 615 milhões no valor total do contrato, mas nada desse dinheiro teve a finalidade descrita no termo inicial do negócio.

Segundo a explicação da JBS, isso aconteceu porque o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) “agiu contra a realização do negócio, o que inviabilizou a compra”. Os “desvios de finalidade” vistos pelo TCU foram, na verdade, conforme diz a JBS, “alternativa” ao negócio.

Clique aqui para ler o documento enviado pela JBS.

*Texto alterado às 20h43 do dia 6 de novembro de 2017 para correção.

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