Aécio tentou dizer que propina era para advogado, mas a estratégia deu errado
19 de maio de 2017, 18h18
Na conversa gravada pelo dono da JBS Joesley Batista com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o parlamentar pede R$ 2 milhões ao empresário sob o argumento de que estaria com dificuldade para pagar o criminalista Alberto Zacharias Toron, responsável pela defesa do político em processos da operação "lava-jato". A tentativa de envolver o advogado no esquema, no entanto, não teve sucesso.
Isso porque o repasse de R$ 500 mil ao primo de Aécio, Frederico Pacheco, foi rastreado. Assim, a Polícia Federal verificou que o dinheiro, na verdade, foi parar em Belo Horizonte, na empresa de Gustavo Perrella, filho do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), enquanto o escritório de Toron fica em São Paulo.
Após identificar o destino do recurso, a PF afirmou, em inquérito, que a justificativa de Aécio “mostrou-se inverossímil”.
As revelações vieram à tona com a homologação do acordo de delação premiada de sete pessoas ligadas ao frigorífico JBS, entre eles os dois donos da empresa, Joesley e Wesley Batista.
Além da conversa com o senador, Joesley também gravou um diálogo com o presidente Michel Temer, em março deste ano, no Palácio do Jaburu, residência oficial do vice-presidente. O empresário relata ao chefe do Executivo que estaria dando uma mesada ao ex-deputado Eduardo Cunha e conta com a concordância de Temer.
Joesley também fala a Temer sobre a maneira que está trabalhando para atrapalhar as investigações e o presidente comenta: “Ótimo”. A procuradoria-geral da República irá investigar o chefe do Executivo pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.
Além do primo, a irmã de Aécio, Andrea Neves, e um assessor de Zeze Perrella também foram presos preventivamente. O parlamentar foi afastado do cargo, assim como o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-MG), acusado de ser o intermediário de Temer.
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