Dinheiro lícito

Em alegações finais, Cláudia Cruz pede a Sergio Moro que seja absolvida

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14 de maio de 2017, 16h33

A jornalista Cláudia Cruz, mulher do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu sua absolvição no processo a que responde no âmbito da operação "lava jato". Ela baseou seu pedido no argumento de que o próprio juiz Sergio Moro reconheceu que sua conta não recebeu valores com origem ilícita.

Marcos Oliveira/Agência Senado
Cláudia Cruz afirma que juiz federal Sergio Moro já reconheceu que ela não usou valores oriundos de corrupção
Marcos Oliveira/Agência Senado

Cláudia virou ré na “lava jato” em junho de 2016, quando Moro aceitou denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal. Na ocasião, o juiz afirmou que existem indícios de que a mulher de Eduardo Cunha ocultou valores em uma conta secreta no exterior.

Disse ainda que haver indícios de que a jornalista gastou mais do que conseguiria com os rendimentos lícitos do casal. O MPF a acusa de ter despesas desproporcionais com viagens internacionais, diárias em hotéis de luxo e compras em lojas de grife. Na ação, o órgão pediu que Cunha e sua mulher devolvessem, respectivamente, R$ 20 milhões e R$ 4,4 milhões aos cofres públicos.

Contudo, aponta a defesa de Cláudia em suas alegações finais, o juiz federal reconheceu que a conta dela não recebeu valores oriundos de suposto esquema de corrupção de Eduardo Cunha na compra de campo de petróleo na África. Na peça, os advogados Pierpaolo Cruz Bottini, Igor Tamasauskas, Cláudia Vara San Juan Araújo e Stephanie Guimarães, todos do Bottini & Tamasauskas Advogados, apontam que os tais recursos suspeitos permaneceram nos trusts do ex-deputado na Suíça.

Dessa forma, a defesa ressalta que o dinheiro para pagar as faturas de cartões de crédito de Cláudia Cruz vinha de atividades legais de Cunha.

MPF pede condenação
Por outro lado, o MPF pediu, em abril, que Cláudia Cruz seja condenada a prisão em regime fechado. Segundo os procuradores da República, o dinheiro que ela usou teve origem em negócio da Petrobras para explorar campo de petróleo em Benin.

Queda rápida
Eduardo Cunha foi preso preventivamente em outubro por Moro na ação penal em que o deputado cassado é acusado de receber R$ 5 milhões, depositados em contas não declaradas na Suíça. O valor seria oriundo de vantagens indevidas, obtidas com a compra de um campo de petróleo pela Petrobras em Benin, na costa oeste africana.

O processo foi aberto pelo STF, pois Cunha ainda estava na Câmara. Porém, mas, após a cassação do seu mandato, a ação foi enviada para o juiz Sergio Moro, porque Cunha perdeu o foro privilegiado. O ex-deputado federal foi condenado por Moro em 30 de março pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Somadas as penas, Cunha deverá cumprir 15 anos e 4 meses de prisão. Considerando os agravantes, Moro definiu 6 anos de prisão por corrupção passiva, 5 anos e 10 meses por lavagem de dinheiro e 3 anos e 6 meses por evasão de divisas. 

Clique aqui para ler a íntegra da petição.
Processo 5027685-35.2016.4.04.7000

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