Alvos por acordos

No TSE, Napoleão Nunes Maia faz críticas à forma como MP negocia delações

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9 de junho de 2017, 16h47

Integrantes do Ministério Público solicitam a delatores que denunciem uma determinada pessoa e, em troca, oferecem benefícios aos réus confessos em acordos de colaborações premiadas. A acusação foi feita pelo ministro Napoleão Nunes Maia, do Tribunal Superior Eleitoral, nesta sexta-feira (9/6), ao rebater acusações da delação de um executivo da JBS, que teria o envolvido nos relatos com o objetivo de manchar sua imagem para receber “benesses em troca”.

Gustavo Lima/STJ
Acusação contra ele não passe de "mentira deslavada", afirma Napoleão Nunes Maia.
Gustavo Lima/STJ

Ao MP, o referido delator afirmou que o advogado Willer Tomaz teria dito que havia combinado com Nunes Maia os rumos de um processo. A situação, porém, não aconteceu e tudo isso não passa de “uma mentira deslavada”, disse o ministro.

Ele garante que nunca viu Willer Tomaz, preso pela Polícia Federal após a delação da JBS, mas acredita que a mentira não tenha partido dele. “Duvido que ele tenha dito isso, apesar de não conhecê-lo. A mentira é desse Assis (delator), que disso isso para receber benefícios em troca”, acusou Napoleão. 

Após dar um discurso "indignado", como ele mesmo definiu, o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, interrompeu o julgamento da cassação da chapa Dilma-Temer por cinco minutos para acalmar os ânimos dos colegas.

Antes de suspender a sessão, porém, Gilmar também voltou a artilharia contra o Ministério Público. Ele comparou os fatos envolvendo o colega de corte ao pedido de impedimento do ministro Admar Gonzaga feito pelo vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino nesta sexta.” Eu acho que esse tipo de prática contribui para esse tipo de ambiente que está se criando”, disse.

Dino rebateu e disse que “são coisas totalmente diferentes”. Gilmar, novamente, discordou do integrante do MPF. “Não são diferentes, porque esses vazamentos que se fazem sabe-se de onde vem, se conhece bem a fonte. Tem se alimentado um modelo de chantagem para o Judiciário e isso precisa ser encerrado”, criticou.

Nunes Maia também foi citado em uma delação premiada de empreiteiros da OAS e também rebateu as acusações: "Fiz um levantamento para ver se eu havia decidido algo da OAS. Encontrei sete decisões, todas contrárias à OAS, por pura coincidência. É preciso pôr um paradeiro nisso. Tem que pôr freio nisso, que está escambando para uma relação que não pode chegar a bom termo”, afirmou.

Nunes Maia iniciou sua intervenção criticando a forma como alguns veículos da imprensa trataram o fato de o filho dele ter sido barrado, nesta sexta-feira, na entrada do Plenário por não estar com o traje exigido. Ele elogiou a segurança por ter “acertadamente” impedido o ingresso do filho na sessão e afirmou que ele queria apenas entregar um envelope com fotos de sua neta, que está de aniversário.

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