Resumo da Semana

Propostas no Senado e no STF para restringir foro especial foram destaque

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3 de junho de 2017, 8h10

A validade do foro por prerrogativa de função deixou os longos debates para entrar concretamente na agenda do Judiciário e do Legislativo. O Plenário do Senado aprovou PEC para extinguir o foro especial em acusações de crimes comuns contra parlamentares, governadores, juízes e uma série de autoridades. A regra atual permaneceria nas investigações e denúncias por crimes cometidos em decorrência do exercício do cargo público. O texto será enviado agora à Câmara dos Deputados.

Na mesma semana, o debate sobre essa prerrogativa entrou na pauta do Supremo Tribunal Federal. O julgamento foi suspenso por pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes, mas outros três membros da corte acompanharam o voto do relator, Luís Roberto Barroso.

Para ele, autoridades públicas só têm direito ao foro especial quando os crimes imputados ocorreram durante o mandato e tiverem relação com o exercício do cargo. O ministro também é contra a mudança da jurisdição na fase de alegações finais. Mesmo sem votar, Gilmar Mendes afirmou que é "populismo institucional" tratar o tema como “panaceia” para a impunidade no Brasil. 

 

 

JUDICIÁRIO E ADVOCACIA

Anuário da Justiça 2017
Ministros do Supremo e dos tribunais superiores, advogados e representantes do Ministério Público e da Polícia Federal prestigiaram a cerimônia de lançamento da edição 2017 do Anuário da Justiça Brasil. A publicação é uma radiografia da cúpula do Judiciário brasileiro, com perfis dos 93 ministros integrantes do STF, do STJ, do TST, do TSE e do STM. Clique aqui para ver fotos do evento e aqui para assistir à cerimônia.

DIREITO CRIMINAL

Dura punição
A 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça definiu que comete crime quem desacata funcionário público no exercício da função ou em razão dela. O colegiado pacificou o tema depois que a 5ª Turma, em dezembro de 2016, decidiu descriminalizar a conduta. Segundo o ministro Antonio Saldanha Palheiro, autor do voto vencedor, a tipificação protege agentes públicos contra possíveis “ofensas sem limites” sem prejudicar a liberdade de expressão, pois não impede o cidadão de se manifestar, “desde que o faça com civilidade e educação”.

DIREITO TRIBUTÁRIO

Cobrança parcelada
O presidente Michel Temer editou nova medida provisória (MP 783) sobre o Refis, programa de refinanciamento de dívidas de pessoas físicas e jurídicas com o governo federal, para débitos de natureza tributária e não tributária vencidos até 30 de abril de 2017. O parcelamento pode ser feito em até 180 meses, e os descontos podem chegar a até 90% nos juros e 50% nas multas.

FRASES

É preciso, sim, que o Judiciário — e todos os atores do sistema de justiça — atue com firmeza dentro de suas competências, mas sem jamais buscar influenciar ou tomar o lugar dos agentes políticos. O Judiciário e o Ministério Público, portanto, são espécies de árbitros do processo político, mas não devem substituir os jogadores principais. Se permitirmos essa inversão de papéis, tangenciaremos a transformação do país em um estado policial.”
— Ministro Gilmar Mendes, do STF, no lançamento do Anuário da Justiça Brasil 2017

As faculdades de Direito não devem formar advogados: devem formar juristas. E estes precisam saber Direito, é claro; mas precisam também entender a problemática da História, da Filosofia, da Sociologia, da Economia Política, para poderem compreender o Direito em toda a sua complexidade.”
— Professor António José Avelãs Nunes, da Faculdade de Direito de Coimbra, em conferência no STF sobre o Direito na Economia Política

Spacca
ENTREVISTA DA SEMANA

O secretário municipal de Justiça de São Paulo, Anderson Pomini, afirma que o interesse de empresas em doar serviços, remédios e outros produtos à cidade criou um novo método de chamamento de concorrentes, diferente das tradicionais licitações: a prefeitura publica anúncios de doações e questiona se mais alguém gostaria de fazer o mesmo.

Em entrevista à ConJur, o advogado afirma que a palavra de ordem é modernizar a gestão. Ele falou ainda sobre a cracolândia, a imunidade fiscal para sites de notícia e os planos do município para pagar precatórios.

RANKING

O texto mais lido, com 76,7 mil acessos, foi sobre conduta de um representante do Ministério Público de Mato Grosso do Sul que ameaçou pais de estudantes a assistirem sua palestra sobre educação, sob pena de multa e processo por crime de abandono intelectual de menores de idade.

O evento foi promovido no dia 25 de maio pelo procurador de Justiça Sérgio Fernando Harfouche, segundo o portal Justificando. Ele criticou propostas de introduzir “política de ideologia de gênero” nas escolas e declarou que “Jesus Cristo é o Senhor de Dourados”.

Com 35,6 mil visitas, ficou em segundo lugar no ranking notícia sobre a resposta do ministro Gilmar Mendes ao pedido que quer impedi-lo de julgar processos envolvendo Eike Batista. A arguição de impedimento foi proposta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Para o ministro, a peça ataca sua família e consiste em “velha estratégia” de recusar o juiz que decide contra o que pede uma das partes.

As 10 mais lidas
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