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MPF-DF pede para arquivar investigação contra Lula por obstrução à Justiça

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11 de julho de 2017, 16h11

Por “falta de credibilidade” do ex-senador Delcídio do Amaral, o Ministério Público Federal no Distrito Federal pediu nesta terça-feira (11/7) arquivamento de Procedimento Investigatório Criminal (PIC) que apurava se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou organizar um grupo de senadores para atrapalhar a operação “lava jato”. Cabe ao juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, decidir se atende ou não ao pedido.

Delcídio, que foi preso em 2015 quando estava no cargo e depois virou delator, afirmou que Lula tentou “persuadir” a criação de um “gabinete de crise” no Senado para se contrapor a todas as informações divulgadas sobre o assunto na mídia. Segundo ele, o ex-presidente apresentou a proposta durante reunião no Instituto Lula, em 2015, com o objetivo de embaraçar as investigações.

Waldemir Barreto/Agência Senado
Investigação foi aberta depois que o ex-senador Delcídio do Amaral relatou reunião com Lula e outros colegas.
Waldemir Barreto/Agência Senado

Embora Delcídio tenha dito que todos os participantes do encontro entenderam a mensagem “perfeitamente”, o procurador da República Ivan Cláudio Marx disse que a afirmação consiste em interpretação unilateral do delator, negada pelos demais presentes.

O senador Renan Calheiros negou, em depoimento ao MPF, ter conversado sobre a criação do grupo, enquanto o senador Edison Lobão descartou qualquer pedido de Lula contra a “lava jato”. Marx afirma que, não havendo corroboração e nem mesmo a possibilidade de buscá-la por outros meios, o arquivamento dos autos é obrigatório.

Para o procurador, Delcídio pode ter citado Lula por interesse próprio, com o objetivo de aumentar seu poder de barganha perante a Procuradoria-Geral da República no seu acordo de delação, ampliando benefícios. De acordo com o MPF, nesse caso, não há prática de crime ou de ato de improbidade por parte do ex-presidente.

Lula continua réu em ação penal que o acusa de tentar comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras. Ele responde, ao todo, a cinco processos criminais — três em Brasília e outros dois em Curitiba. A defesa nega quaisquer crimes. Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF-DF.

Clique aqui para ler o pedido de arquivamento.

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