Ano XX

Todo poder aos juristas (e colunistas!)
da ConJur — 20 anos de glória

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7 de julho de 2017, 15h05

Spacca
Na conferência de abertura do VIII Congresso Nacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), em João Pessoa, contei uma historinha — metaforicamente montada — sobre como a imprensa noticiaria o naufrágio (e posterior resgate) da comunidade jurídica brasileira. Imagine-se um barco em que coubesse toda a comunidade jurídica, composta de juízes, ministros, advogados, estagiários, procuradores, tudo dividido em classes e castas (isso não vem ao caso agora, mas na Conferência isso se desdobrava em uma história de canibalismo). Fui inspirado por um vídeo que circula nas redes, sobre as notícias quando a Chapeuzinho Vermelho foi devorada pelo lobo.

Jornal Nacional: William Bonner: — Transatlântico naufraga em águas internacionais; Fátima Bernardes (sou dessa época): — Mas salva-vidas da Fundação Roberto Marinho salva passageiros e tripulação;

Revista Veja: Grampos comprovam que Lula é o proprietário do navio;

Revista Época: Em Londres, Moro diz que naufrágio não vai parar a “lava jato”;

Folha de S.Paulo: Veja no gráfico a trajetória do navio antes de afundar;

O Estado de S. Paulo: Economia sofre com o naufrágio;

Jornal da Globo: Sardenberg mostra em gráfico como naufrágio foi provocado pelo governo Dilma; Heraldo Pereira: — Pinga-fogo no Congresso mostra governo e oposição no mesmo barco, mas, antes disso, boa noite aos telespectadores de todo o Brasil que, com sua audiência….

Globo News: Nossos comentaristas (especialmente Merval Birnbaum e Gerson Kabina) mostram como as gravações obtidas com exclusividade comprovam relação entre Lula, Temer, naufrágio e tentativa de parar a lava jato;

Site O Antagonista: Dallagnol faz palestra sobre o naufrágio mostrando, em Power Point, como Lula comprou o Transatlântico;

Revista Caras: Vejam as cabines de primeira classe decoradas – e como Dória ficou no camarote vestindo Polo;

Revista Claudia: A vida sexual da primeira classe do transatlântico;

Zero Hora: Gaúchos sobreviventes organizam churrasco no barco salva-vidas;

Datena: —Não se tem mais segurança nem para andar de navio. Bota na tela o vagabundo desse comandante que afundou o barco;

Edição extra de Veja: Gravação de Joesley mostra que em um dos camarotes viajavam Lula, FHC e Temer – perícia de Molina diz que fita foi editada e que no fundo apareciam vozes que podem ser de Aécio ou Donald Trump;

Edição super-extra de Veja: Cunha decide delatar e motivos da compra do navio serão esclarecidos;

Agora vejamos o outro lado das notícias:

Coluna Senso Incomum da ConJur: Opiniões morais sobre o naufrágio não podem corrigir o que diz a Constituição acerca de naufrágios; bingo;

Reportagem da ConJur, assinada por Marcos, Maurício, Felipe, Sérgio, Pedro, Leonardo, Andressa, Tadeu, Brenno, Fernando, Marcio…: Juristas divergem sobre as razões do naufrágio; para ministro Gilmar Mendes, discussão sobre caso deve ir ao Plenário;

Obviamente que as duas últimas manchetes são as mais completas e mais aprofundadas. Afinal, modéstia às favas, há 20 anos esta revista eletrônica é a que melhor trata dos assuntos jurídicos do país.

Pilhérias à parte, tenho imenso orgulho de fazer parte dessa equipe. Lembro de um artigo que escrevi em 2006, chamado “Devemos nos importar, sim, com o que a doutrina diz”, criticando um ministro do Superior Tribunal de Justiça (clique aqui para ler), que dizia não dar bola para a doutrina. Também escrevi sobre os manuais de Direito e seu déficit, também há mais de uma década aqui na ConJur.

Enfim, neste espaço democrático criei expressões, jargões, desenvolvi ideias, teses, fiz amigos, inimigos (na verdade, até os que odeiam Senso Incomum são assíduos leitores; todas as quintas pela manhã, são os primeiros a acessar este belo e querido site).

A Márcio Chaer, Marcos de Vasconcellos e equipe, meus parabéns. E cumprimentos aos milhares de leitores que nos prestigiam. Longa vida à ConJur. O site já faz parte do cotidiano da comunidade jurídica. Como consta do título deste artigo, que a ConJur continue dando “todo o poder aos juristas (e aos colunistas)”.

Saludo! Binguíssimo!

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