Ação política

Moro pede que Temer interfira no Supremo a favor de prisão após segundo grau

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6 de dezembro de 2017, 9h43

O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, pediu nesta terça-feira (5/12) que o presidente Michel Temer (PMDB) interfira junto ao Supremo Tribunal Federal para impedir a corte de revisar a permissão de execução da pena após condenação em segunda instância.

Divulgação/Ajufe
Juiz federal Sergio Moro disse que revisão do foro especial é essencial para combater a corrupção.
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"Espero que não só nas próximas eleições, mas o atual governo federal, tomando a liberdade senhor presidente, incentive e utilize seu poder, respeitando evidentemente a independência do Supremo, para influenciá-lo de forma a não alterar esse precedente. O governo federal tem grande poder e grande influência e pode utilizar isso. Se houver mudança, será um grande retrocesso”, afirmou Moro ao receber o prêmio de personalidade do ano pela revista IstoÉ. Temer também estava presente na cerimônia, ocorrida em São Paulo.

Além disso, o juiz responsável pelos processos da operação “lava jato” em Curitiba defendeu mudanças no foro por prerrogativa de função. Essa medida, segundo Moro, é essencial para combater a corrupção.

"É necessária a revisão do instituto do foro privilegiado. Primeiro porque ele é contrário ao princípio fundamental da democracia que é o princípio do tratamento igual", disse. "Eu falo isso com bastante conforto porque eu, como juiz, também sou detentor desse foro privilegiado e eu não vejo nenhum problema que ele seja retirado dos juízes. Eu não quero esse privilégio para mim."

Após essa declaração, Moro foi aplaudido por quase todos os presentes. Mas Temer, o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), não bateram palmas. Os três são investigados na “lava jato”, mas no STF, por terem foro especial.

Da mesma forma, os peemedebistas e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foram os únicos a não se levantar para aplaudir Sergio Moro quando ele foi chamado ao palco para discursar.

Meirelles também foi cobrado pelo juiz da “lava jato”. Ele opinou que é preciso fazer “alguns investimentos” para fortalecer a Polícia Federal. De acordo com Moro, destinar recursos para o combate à corrupção “é algo que eleva a economia”. Como exemplo dessa tese, ele citou a cerimônia de devolução de mais de R$ 600 milhões à Petrobras. Organizado pelo Ministério Público Federal no Paraná, o evento acontecerá nesta quinta-feira (7/12), em Curitiba.

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