Marcelo Odebrecht foi coagido a delatar e falou por vingança, diz Dilma
4 de abril de 2017, 18h22
De acordo com a ex-presidente Dilma Rousseff, as acusações que Marcelo Odebrecht fez a ela e ao seu governo foram motivadas por vingança e por ele ter sido coagido a assinar um acordo de delação premiada na operação “lava jato”. Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, colunista da Folha de S.Paulo, Dilma diz que nunca teve proximidade com Marcelo Odebrecht e que nunca tratou de doação de campanha com ele. “Esse rapaz jamais ousaria conversar comigo sobre doação.”
Na entrevista, Dilma afirma que Marcelo “sofreu muitos tipos de pressão” e se viu forçado a “falar sobre coisas ilícitas da minha campanha”. Mas ela também diz que nunca confiou nele e, por isso, sempre se manteve distante.
A ex-presidente conta que a relação azedou em 2007, quando ela era ministra-chefe da Casa Civil e supervisionava grandes projetos de infraestrutura. Especialmente as construções das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau.
Na época, Dilma recebeu a denúncia de que havia um cartel em formação para inflar o valor do contrato. O combinado era que o lance mínimo seria de R$ 130 o lote. “Isso foi imediatamente resolvido”, disse a ex-presidente. E o lance vencedor, da Odebrecht, foi de R$ 78,87. “Faça as contas e veja a diferença da margem de lucro. Ele nunca deve ter me perdoado.”
Dilma nega qualquer irregularidade em sua campanha em relação à Odebrecht. Ela diz que a empreiteira doou R$ 29 milhões à campanha de 2014, “8% do total que arrecadamos”. Mas Marcelo diz que repassou R$ 150 milhões por meio de caixa dois, numa conta no exterior.
“Para se passar por grande doador, ele fala dessa conta. Em determinado momento de seu depoimento, diz: ‘É uma conta corrente que só eu tinha na cabeça’. Ou seja, era uma conta da subjetividade dele”, responde Dilma. “É uma conversa estapafúrdia, esdrúxula, uma sandice desse rapaz.”
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