Voz das ruas

STF tem respondido mais para a sociedade do que os políticos, diz Sergio Moro

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4 de novembro de 2016, 20h10

Julgamentos com base na “voz das ruas” são contrários ao Poder Judiciário, pois o populismo não cabe a quem é responsável por analisar os fatos com base nas leis e na Constituição. No entanto, para o juiz federal Sergio Fernando Moro, os polos parecem se inverter. Em evento nesta sexta-feira (4/11), na Bahia, o juiz da “lava jato” quis elogiar o Supremo Tribunal Federal, afirmando que o tribunal “tem se mostrado mais atento aos desdobramentos atuais e respondido mais para a sociedade do que a instituições ou autoridades eleitas".

Não é a primeira referência de Moro louvando a influência popular nas decisões judiciais. Em vídeo publicado recentemente, ele faz referências ao "poder do povo", para dizer que é preciso fazer de tudo para combater corruptos e corruptores. “Se nós falharmos em dar tudo o que temos para expulsar a corrupção, nós não poderemos escapar de nossa parcela de responsabilidade”, disse o juiz, citando um discurso do ex-presidente dos Estados Unidos Theodore Roosevelt.

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“Nunca vai se confiar apenas na palavra de um criminoso”, disse Moro, em evento.
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No evento desta sexta-feira, o juiz da 13ª Vara federal de Curitiba participou de um “talk show” com o ex-magistrado italiano Gherardo Colombo, para falar sobre a operação mãos limpas, que ocorreu na Itália nos anos 1990, e a “lava jato’, que investiga corrupção relacionada à Petrobras.

Em uma comparação entre o Brasil e o mundo, Moro afirmou que a corrupção existe em qualquer lugar do planeta, mas não do jeito que é no Brasil: "A corrupção como um sistema, uma prática habitual, não é assim tão comum".

Já ao falar sobre as delações premiadas, que, na “lava jato”, já somam 70, Moro disse que é fundamental ter prova da corroboração para aceitá-la. “Nunca vai se confiar apenas na palavra de um criminoso”, afirmou. Os acordos de delação da operação são criticados por juristas, pois possuem cláusulas que violam dispositivos da Constituição, como compromissos que proíbem que o delator conteste o acordo judicialmente ou interponha recursos contra as sentenças que receber.

O evento foi organizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros e, ao entrar o centro de convenções do Arraial d'Ajuda Eco Resort, Moro foi ovacionado por mais de 700 colegas de profissão.

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