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Caso Pimenta Neves exemplifica erro de contrariar direito de defesa

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5 de março de 2016, 8h35

Ao discutir a importância do direito de defesa, em evento que debateu a mudança de posicionamento do Supremo Tribunal Federal que permitiu a prisão antes do trânsito em julgado, o advogado e ex-secretário de segurança pública de São Paulo Marcelo Martins de Oliveira lembrou que as táticas hoje são usadas para atingir um "inimigo público" pode ser usado amanhã contra quem o está atacando.

Ao fim do evento com os advogados Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e com Pierre Moreau, promovido pela Casa do Saber na última quarta-feira (2/3), Marcelo Martins de Oliveira contou um caso peculiar.

Ele atuou no caso do superfaturamento do Fórum Trabalhista, do juiz Nicolau dos Santos Neto, defendendo os donos da empreiteira que construiu o prédio. O advogado lembra que este foi um dos primeiros casos de desvio de recursos públicos que a imprensa acompanhou toda a instrução processual.

"Um dos jornais que mais acompanhou a instrução daquele processo foi O Estado de S. Paulo. E o Estadão, assim como O Globo, a Folha de S.Paulo e a Veja, é um dos grandes formadores de opinião. E [o jornal] atiçou a febre de toda a opinião pública, transformando o juiz Nicolau, durante muito tempo, em inimigo número um da sociedade brasileira".

Oliveira afirma que o Estadão era o veículo que mais mais criticava a conduta da defesa, afirmando que o advogado atuava de maneira sorrateira, promovendo chicanas jurídicas com o intuito de protelar a ação ao máximo.

Acontece que o diretor de redação do jornal, à época, era Pimenta Neves, que matou a namorada, Sandra Gomide. "Ele teve esse infortúnio. Acabou preso, dividindo a cela no 13º Distrito Policial com o juiz Nicolau dos Santos Neto. E, naquela situação, usou de todas as medidas possíveis para adiar sua punição", afirmou.

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