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Romero Jucá cita STF em acordo para deter a “lava jato”, diz jornal

23 de maio de 2016, 13h54

Por Redação ConJur

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Romero Jucá (PMDB) estaria tentando barrar as investigações da operação “lava jato”, aponta o jornal Folha de S.Paulo, que nesta segunda-feira (23/5) publicou trechos de diálogos que o ministro do Planejamento teve com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Nas gravações, Jucá ressalta que conversou com ministros do Supremo Tribunal Federal sobre parar a investigação, classifica de “violento” o ato dos procuradores de São Paulo de conduzir o ex-presidente Lula de forma coercitiva para depoimentos e indica que Teori Zavascki é fechado e não influenciável.

As gravações foram captadas no mês de março e estão com a Procuradoria-Geral da República. No trecho no qual Jucá fala sobre suas conversas com os ministros, ele insinua que ministros da corte colocavam o afastamento da presidente Dilma Rousseff como condição para a operação “lava jato” arrefecer. “Conversei ontem com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem 'Ó, só tem condições de [inaudível] sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar ela, essa porra não vai parar nunca'. Entendeu? Então…”, disse o ministro do Planejamento.

O trecho mais incisivo que indica uma vontade de interferir nas investigações é quando Jucá e Machado estão falando sobre delações premiadas. O ministro então diz: “Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”. O ex-presidente da Transpetro relata estar com medo de que Rodrigo Janot, procurador-geral da República, vá atrás dele para chegar aos peemedebistas.

Machado fala que colocar Michel Temer no poder promoveria um “grande acordo nacional”. Jucá concorda e acrescenta: “Com o Supremo, com tudo”. Machado ainda diz que isso pararia tudo, e o ministro finaliza: “É. Delimitava onde está, pronto”.

Para se defender, Romero Jucá concedeu entrevista coletiva nesta segunda em Brasília. Negou que tenha tentado obstruir as investigações da operação “lava jato” e disse que não vai pedir afastamento do cargo.

“Nunca cometi e nem cometerei qualquer ato para dificultar qualquer operação, seja 'lava jato', ou qualquer outra. Da minha parte, sempre defendi e explicitei e apoiei com atos a operação ‘lava jato’. A política terá uma outra história depois da operação ‘lava jato’”, disse o ministro.

Posição da OAB
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil já se manifestou sobre o episódio. O presidente Claudio Lamachia diz ter alertado "para o risco de pessoas sob suspeita, investigadas pela operação ‘lava jato’, estarem no primeiro escalão do governo federal". "A ‘lava jato’ precisa acontecer com independência e celeridade. A sociedade clama por respostas rápidas."

Lamachia defende que os investigados pela “lava jato” não podem ser ministro de Estado, "sob o risco de ameaçar a chance que o Brasil tem de trilhar melhores rumos". "Qualquer ação suspeita praticada pelos ministros investigados colocam o governo todo em xeque", argumenta.

Por fim, ressalta que os cidadãos têm direito à ampla defesa e ao devido processo legal, mas que os "investigados devem poder se defender sem, para isso, comprometer a credibilidade das instituições".