Ação no Supremo

Janot denuncia ex-presidente Lula por tentar "comprar silêncio" de Cerveró

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3 de maio de 2016, 20h32

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República em um procedimento oculto em tramitação no Supremo Tribunal Federal. De acordo com a PGR, Lula atuou “na compra do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a fim de evitar que ele assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da operação "lava jato".

Os fatos denunciados motivaram a prisão, no ano passado, do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). A prisão foi embasada por uma gravação apresentada à PGR por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor. Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para a família de Cerveró e mais um plano de fuga para que o ex-diretor deixasse o país.

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Denúncia contra Lula foi oferecida em inquérito que já tramitava contra Delcídio.
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Os fatos teriam ocorrido em uma reunião na qual estavam presentes Bernardo e Edson Ribeiro, ex-advogado de Cerveró e Delcídio. Segundo os procuradores, o objetivo de Delcídio era evitar que o ex-diretor fizesse acordo de delação premiada.

A denúncia contra Lula foi oferecida em um inquérito que já tramitava na corte contra o senador Delcídio do Amaral e o banqueiro André Esteves do BTG Pactual, que também foram denunciados na ocasião. Em depoimento de delação, Delcídio afirmou que Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai e o banqueiro atuaram com interesse de “esconder fatos ilícitos” que os envolvia.

“A partir daí, as investigações ganharam novos contornos e se constatou que Luiz Inácio Lula da Silva, José Carlos Bumlai e Mauricio Bumlai [filho do pecuarista] atuaram na compra do silêncio de Nestor Cerveró para proteger outros interesses, além daqueles inerentes a Delcídio e a André Esteves”, disse Janot na manifestação em que pediu a inclusão de Lula em outro inquérito. 

Devassa desnecessária
Em nota, o Instituto Lula afirma que a peça apresentada pelo procurador-geral da República "indica apenas suposições e hipóteses sem qualquer valor de prova". Para a defesa do ex-presidente, "trata-se de uma antecipação de juízo, ofensiva e inaceitável, com base unicamente na palavra de um criminoso".

O instituto afirma que o ex-presidente não participou nem direta nem indiretamente de qualquer dos fatos investigados na operação "lava jato", mas que tem sido alvo de uma devassa. "Suas atividades, palestras, viagens, contas bancárias, absolutamente tudo foi investigado, e nada foi encontrado de ilegal ou irregular", diz a nota.

Ainda segundo a defesa do ex-presidente, Lula sempre colaborou com as autoridades, inclusive prestando esclarecimentos, e "não deve e não teme investigações". Com informações da Agência Brasil.

*Texto alterado às 21h do dia 3 de maio de 2016 para acréscimos.

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