Opinião pública

"Lava jato" devolveu democracia aos brasileiros, diz cientista político

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29 de junho de 2016, 20h41

A operação “lava jato” devolveu aos brasileiros o sentido da democracia após o “deserto” criado pela falta de legitimidade representativa da classe política, na opinião do cientista político e especialista em segurança pública Luiz Eduardo Soares. Por esse motivo, a operação que investiga fraude em contratos e desvio de verbas da Petrobras tem grande apoio da opinião pública.

“O que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal fizeram foi dar sentido e conteúdo democrático a boa parte das virtualidades e energia desprendida em 2013 e 2014”. Ele se referiu às manifestações de 2013 e à polarização ocorrida durante a eleição que elegeu a presidente Dilma Rousseff. “Por isso essa dose de afeto e paixão que se deposita na operação”, disse, durante palestra nessa terça-feira (28) em evento promovido pelo Conselho Nacional do Ministério Público que debateu a experiência italiana no combate à corrupção com a mãos limpas e as perspectivas da “lava jato”. 

Um exemplo do sucesso da operação na opinião pública, segundo o coautor da série de livros Tropa de Elite, foi um vídeo a que assistiu recentemente no YouTube em que milhares de jovens ovacionavam o juiz federal Sergio Moro em um festival de rock. O fato, para ele, tem um significado histórico porque revela que o Brasil vive um momento “precioso” e “cheio de potencialidade”. Soares classificou Moro como “um herói popular”.

O cientista político elogiou a virada da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, de permitir a prisão após uma decisão de segunda instância. Ele avalia que a mudança significou uma “aposta” e “investimento” de confiança do STF na “lava jato”. “Se não houvesse essa virada, talvez a operação não avançasse com tanta celeridade.” 

Durante a palestra, Soares fez uma homenagem ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que estava na plateia do auditório do Ministério Público Militar, em Brasília, onde ocorreu o evento. Falou que o nome do PGR “pesa” e “significa” muito para o combate à corrupção e o crime organizado atualmente no Brasil. Contou uma história que provocou risos do público para exemplificar esse respeito. Disse que sua mulher ficou preocupada ao saber que ele tinha recebido uma carta assinada por Janot. “Você nunca teve negócios com a Petrobras”, teria dito a mulher, segundo Soares, que explicou para ela que se tratava só de um convite para participar do evento. 

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