Limpeza do ambiente

"Lava jato" aumentará investimentos no país, diz ex-presidente do BC

Autor

14 de junho de 2016, 18h04

No curto prazo, a “lava jato” afeta negativamente a economia brasileira, pois afasta investimentos e leva as empreiteiras envolvidas em esquemas de corrupção a estados de insolvência que, muitas vezes, desencadeiam em falências ou recuperações judiciais. Contudo, a longo prazo, a operação trará efeitos positivos ao mercado, já que a demonstração de força das instituições aumentará a segurança jurídica e atrairá recursos para as empresas nacionais. Essa é a análise do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola.

Felipe Lampe
Loyola é otimista quanto ao impacto final da "lava jato" na economia do Brasil.

Além disso, a investigação sobre esquemas de corrupção na Petrobras força empresas e entes estatais a implementarem sistemas de compliance para prevenir a prática de crimes, apontou o economista à ConJur. E isso, a seu ver, melhora a concorrência e a torna mais justa.

“Do ponto de vista econômico, a corrupção é um fator de ineficiência por ser uma espécie de burla às regras do jogo. É como se, em um jogo de futebol, alguns jogadores fizessem gols de mão, e o juiz sempre os validasse”, comparou Loyola no lançamento do anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros 2016, ocorrido nesta terça-feira (14/6), em São Paulo.

Segundo ele, as notícias bombásticas sobre a “lava jato”, decorrentes do levantamento do sigilo ou do vazamento de documentos, impactam o valor do real perante outras moedas, a taxa de juros e, em menor grau, a bolsa de valores. Isso porque as revelações de que integrantes do governo estariam envolvidos em esquemas de corrupção ou obstrução da Justiça colocam em dúvida a capacidade do presidente interino Michel Temer (PMDB) de concretizar as medidas econômicas que anunciou.

Preservação de empresas
Gustavo Loyola discorda daqueles que defendem a dissolução das empresas envolvidas na “lava jato” e afirma que o “conhecimento acumulado e a capacidade de produzir bens e serviços” justificam a preservação delas. O caminho para essa sobrevivência passa pela celebração de acordos de leniência, destacou, ressaltando que os instrumentos precisam estabelecer penalidades justas às empreiteiras.

Porém, o ex-presidente do BC rechaçou a proposta de se criar um programa público de salvação dessas companhias semelhante ao Proer, que salvou diversos bancos na década de 1990. De acordo com o economista, um plano desse tipo passaria à sociedade a impressão de que o Estado não está engajado no combate à corrupção.  

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!