Novas relações

Jurista Marcelo Rebelo de Sousa é eleito presidente de Portugal

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25 de janeiro de 2016, 12h04

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Eleito com 52% dos votos, Marcelo Rebelo de Sousa toma posse em março. Foto: Reprodução

O jurista Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito presidente de Portugal neste domingo (24/1), em primeiro turno. Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa há 43 anos, Rebelo de Sousa tem estreita ligação com a comunidade jurídica do Brasil.

Rebelo de Sousa chefia o Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito de Lisboa, que, junto com o Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), organiza o Seminário Luso-Brasileiro de Direito. Na edição de 2015, o professor participou da conferência de encerramento do evento ao lado do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. "Trata-se de um dos mais eminentes constitucionalistas portugueses, com grande experiência política. Ademais, cuida-se de pessoa com notórios vínculos familiares e de amizade com o Brasil", disse Gilmar Mendes.

O ministro Dias Toffoli, do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, também celebrou a eleição. "Conheço pessoalmente o professor Marcelo Rebelo de Sousa e sua eleição é resultado de todo um mérito do seu trabalho intelectual, seu trabalho político, das suas qualidades humanas e de um discurso otimista, trazendo o debate para a unidade na diversidade o que está cada vez mais ausente no mundo de hoje", disse Toffoli, que ainda destacou a importância da escolha de Rebelo de Sousa em um momento de dificuldade para as lideranças do ocidente.

"Também destaco que a campanha do professor Marcelo Rebelo de Sousa foi bastante simples, praticamente sem custos e financiada pessoalmente pelo próprio candidato, fazendo uma campanha absolutamente austera. Isso diz muito como poderiam ser os processos eleitorais, envolvendo menos recursos e mais qualidade da classe política e dos candidatos", completou.

Otavio Luiz Rodrigues Junior, professor da Universidade de São Paulo e colunista da ConJur, também comentou a eleição. "Conheci o professor Marcelo Rebelo de Souza em 2009 e desde cedo percebi que é um homem que ama o Brasil e terá um enorme sensibilidade para com as relações luso-brasileiras. Em minhas colunas na ConJur sobre o ensino jurídico, há um ano, mencionei a possibilidade do professor ser eleito para a presidência da República. É a figura do 'catedrático-mandarim' que volta ao poder, mas, desta vez, pelas vias democráticas. Não deixará de ser interessante acompanhar seu mandato", disse.

Além da proximidade com a comunidade jurídica brasileira, o pai de Rebelo de Sousa, Baltasar Rebelo de Sousa, mudou-se para São Paulo em 1974, onde viveu por quase duas décadas. O filho do novo presidente, Nuno da Motta Veiga Rebelo de Sousa, também mora na capital paulista. Na vida política, ajudou a fundar o partido pelo qual foi eleito. Entre outros cargos, foi deputado constituinte, secretário de Estado e ministro.

Discurso de união
O novo presidente recebeu 52% dos votos e vai suceder a Cavaco Silva, que o apoiou. A posse está prevista para o dia 9 de março. De acordo com a emissora TSF Rádio Notícias, no discurso de vitória, no átrio da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa disse que deseja que uma das marcas da sua presidência seja fomentar a unidade nacional.

"Um país como o nosso, a sair de uma crise econômica e social profunda não se pode dar ao luxo de desperdiçar energias e de alimentar crispações desnecessárias e contraproducentes. Enquanto presidente tudo farei para unir aquilo que as conjunturas dividam. Estarei tendo a relação entre todos os portugueses, fazendo pontes, cicatrizando feridas, aproximando posições. Quanto mais coesos formos mais fortes seremos no combate às injustiças e na promoção da credibilidade e da esperança no futuro", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

*Texto atualizado às 15h20 do dia 25/1 para acréscimo de informações.

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