Conta de luz

Cardozo cobra explicações sobre repasse de verba à PF autorizada por Moro

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7 de janeiro de 2016, 16h41

A liberação de R$ 172 mil pelo juiz Sergio Moro para a superintendência da Polícia Federal no Paraná pagar contas de luz e consertos de viaturas incomodou o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, a quem a corporação está subordinada. Conforme reportagem do O Estado de S. Paulo, o ministro pediu explicações ao diretor-geral da PF Leandro Daiello. 

"Se devolveram R$ 3 milhões e pediram para usar uma outra sobra, não é porque estava faltando dinheiro. Ou então há um problema de gestão. Eu quero entender o que está acontecendo", disse o ministro ao jornal.

Ao liberar a verba, o juiz Sergio Moro justificou que as investigações da corporação não poderiam ser “interrompidas por falta de dinheiro para despesas básicas”. Ao jornal, Cardozo rebateu: "Não me venham dizer que não havia dinheiro para pagar a conta de luz e nem que a Polícia Federal está sendo sucateada."

Em outra declaração, o ministro disse que nenhum pedido havia sido feito pela unidade paranaense. “Ano passado, como nos anos anteriores, houve um contingenciamento de gastos. Nós vamos liberando à medida da necessidade. Quando uma unidade está com o problema, a gente faz o descontingenciamento. Na PF nunca deixamos de atender nada. Nem na 'lava jato'. Se tivessem pedido, os recursos estariam lá. Tanto que o dinheiro sobrou”.

“Questão salarial”
A história veio à tona um dia após Cardozo divulgar que, devido aos problemas orçamentários do governo, seu ministério cortou R$ 151 milhões da verba destinada a Polícia Federal. Setores da PF imediatamente passaram a reclamar e dizer que as investigações “lava jato” seriam prejudicadas.

O ministro desmentiu e disse que nenhum aspecto da operação está ameaçado e classificou essas previsões como “factóides”. Mesmo assim, apressou-se em dizer que se for preciso irá remanejar a verba de R$ 2,8 bilhões do Ministério da Justiça para que nada falte à Polícia Federal. Surpreso com a repercussão, Cardozo aponta outras motivações para uma carta assinada por delegados da PF criticando o corte. “Obviamente tem por trás as reivindicações que a Associação dos Delegados quer fazer por questão salarial. É evidente", afirmou.

A origem do dinheiro
Segundo reportagem da Veja, essa não foi a primeira vez que Moro liberou verba para a Polícia Federal. Em 2014, a Superintendência da PF de Curitiba enviou ofício ao juiz pedindo autorização para usar R$ 1 milhão para melhorar a estrutura da corporação no Paraná. A ideia era implantar um sistema de câmeras de vigilância e alarme para unidades da PF no estado. O juiz autorizou.

O dinheiro para as câmeras em 2014 e para a conta de luz em 2015 teria vindo de uma verba depositada pelo doleiro Hélio Laniado, em 2006, como parte de um acordo de delação premiada assinado com a Justiça. Laniado e o doleiro Alberto Youssef formaram o núcleo financeiro do esquema responsável pela lavagem de dinheiro e pela evasão de divisas que movimentou mais de US$ 1,2 bilhão entre 1995 e 2002  no caso do Banestado. 

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