Antecipou opinião

Promotor que "denunciaria Lula" é alvo de representação no CNMP

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16 de fevereiro de 2016, 20h58

O promotor do Ministério Público de São Paulo Cássio Conserino, que afirmou em entrevista à revista Veja que denunciaria o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher, Marisa Letícia, é alvo de uma representação no Conselho Nacional do Ministério Público. O documento foi protocolado pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP) nesta terça-feira (16/2).

Na entrevista à revista, o promotor afirmou que denunciaria o ex-presidente e sua mulher por lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio, apontando reportagens segundo as quais o casal seria dono de um tríplex no Guarujá. No entanto, Conserino ignora que a defesa de Lula afirma que o tríplex nunca foi do casal e que não foi concluído nenhum processo sobre a questão.

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Conserino agiu com o objetivo de obter promoção pessoal, diz representação.
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Na representação, Paulo Teixeira diz que as atitudes do promotor buscam promover sua imagem e que Conserino “solapou a atribuição de 120 Promotores de Justiça que atuam nas Promotorias Criminais da Capital”.

“O promotor de Justiça Cassio Roberto  Conserino agiu com o claro objetivo de obter promoção pessoal, bem como agiu em frontal violação às regras de determinação de atribuição para a distribuição de feitos criminais. Houve, ainda, indevida antecipação de juízo de valor, tudo a comprometer a dignidade do Ministério Público”, diz Paulo Teixeira.

O deputado também chega a citar que houve uma troca de favores entre o promotor e a revista Veja, que publicou a entrevista. “O Reclamado teve por objetivo, nitidamente, agradar os donos e responsáveis ela revista, em troca de um espaço de promoção pessoal que lhe foi efetivamente concedido.”

Para embasar sua representação, Paulo Teixeira cita voto do conselheiro do CNMP Jarbas Soares Júnior, que condenou prática similar de outro promotor. Em seu voto, Jarbas Júnior classifica que antecipar juízo de valor à imprensa revela “uma espécie de amadorismo”.

“Essa espetaculização das ações dos membros do Ministério Público depõe contra a instituição como um todo, lamentavelmente, e causa desprestígio social e intelectual ao Ministério Público”, afirmou o conselheiro em outro julgamento sobre tema similar.

Clique aqui para ler a representação.

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