Ofensas extrapolaram

Reinaldo Azevedo, Veja e Jovem Pan são condenados a indenizar Laerte

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20 de dezembro de 2016, 14h42

Houve evidente excesso no texto escrito pelo colunista Reinaldo Azevedo na revista Veja e lido por ele na rádio Jovem Pan, no qual ofendeu a cartunista Laerte. Em texto publicado em agosto, o jornalista chamou a cartunista de "fraude moral", "baranga moral", "fraude de gênero" e "fraude lógica". Para o juiz Sang Duk Kim, da 7ª Vara Cível de São Paulo, Azevedo violou a intimidade e a vida privada da artista. O colunista, a revista e a rádio foram condenados a pagar R$ 100 mil de indenização por danos morais.

"O fato é que a impossibilidade da censura não pode ser confundida com a ausência de responsabilidade por excessos na ato da sua manifestação. E é evidente que excesso houve, na medida em que os seus comentários tecerem considerações pessoais do cartunista, depreciando-o em sua honra, o que desbordou do contexto da charge de sua autoria", disse o juiz na decisão.

No texto que deu origem ao processo, Reinaldo Azevedo criticou uma charge feita por Laerte Coutinho para o jornal Folha de S.Paulo na qual manifestantes a favor do impeachment tiram selfies com policiais mascarados. A abordagem saiu do campo político e foi parar na vida pessoal da cartunista. 

"Na sua insaciável compulsão por mandar a lógica às favas — ele pensa mal não importa como esteja travestido —, afirmou ainda: 'Eu sou uma pessoa transgênera e quero usar o banheiro feminino'. Laerte acredita que o fato de ele 'querer' alguma coisa transforma essa coisa num direito. Mais: salvo demonstração em contrário, o banheiro feminino é reservado às mulheres, e a menos, então, que sejam consultadas, essa maioria não poderia ser submetida aos desejos da minoria 'transgênera' — na hipótese, não comprovada, de que ele representasse a dita-cuja, o que também é falso", escreveu Azevedo.

Folha de S.Paulo/Reprodução
A charge de Laerte publicada no jornal Folha de S.Paulo que deu origem à discussão com Reinaldo Azevedo e ao processo na Justiça. Reprodução/Folha de S.Paulo 

 

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