Alegando que a divulgação de informações da operação “lava jato” está atrapalhando a “condução de políticas públicas da União”, o presidente Michel Temer pediu à Procuradoria-Geral da República celeridade na conclusão das investigações em curso. Em ofício enviado ao procurador-geral, Rodrigo Janot, Temer também pede que as delações premiadas dos executivos da Odebrecht, em fase final de tomada de depoimentos, sejam, o quanto antes, finalizadas. “Com isso, a eventual responsabilidade criminal dos investigados será logo aferida.”
Temer reclama do vazamento da delação do executivo Claudio Melo Filho e de trechos dos depoimentos de outros executivos. Nelas, o presidente aparece como destinatário de propina paga na forma de doações eleitorais. Segundo a delação de Claudio Filho, o presidente recebeu R$ 10 milhões destinados ao caixa do PMDB.

Antonio Cruz/Agência Brasil
No ofício enviado à PGR nesta segunda-feira (12/12), Temer afirma que a divulgação das informações atrapalha seus planos de tirar o país das crises econômica e política. Especialmente a reforma da Previdência e a proposta de emenda à Constituição que estabelece um teto anual para os gastos públicos.
“A condução dessas e de outras políticas públicas a cargo da União vem sofrendo interferência pela ilegítima divulgação de supostas colaborações premiadas em investigações criminais conduzidas pelo Ministério Público Federal, quando ainda não completado e homologado o procedimento da delação”, diz a carta. De acordo com o artigo 7º da Lei 12.850/2013, os depoimentos de delações premiadas são sigilosos até o recebimento da denúncia pela Justiça.
“Num clima de desconfiança, geradora de incerteza, o mister constitucional da União se vê seriamente obstruído”, continua Temer, no ofício. Para o presidente, a divulgação das informações “funciona como elemento perturbador de uma série de áreas de interesse da União”.
O ofício repete o apelo que Temer fez a ministros do Supremo quando pediu a eles que mantivessem o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na Presidência do Senado. Naquela ocasião, Temer afirmou que retirá-lo do cargo atrapalharia a aprovação de projetos divulgados pelo governo como formas de enfrentar a crise econômica.
A mesma argumentação foi feita no ofício a Janot, Temer reclama que a divulgação das delações foi feita “em um momento do processo legislativo marcado por propostas de reformas estabilizadoras, as quais possuem como objeto temas sensíveis à luz do cenário social e macroeconômico de médio e longo prazos”.
Com isso, também reclama das citações ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo, ao próprio Renan, ao deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-articulador do governo na Câmara, entre outros.
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Comentários de leitores
15 comentários
Usurpador jogando areia nos olhos do país
Armando do Prado (Professor)
Essa figura sinistra, pequena e provinciana, conspirou, traiu e tomou de assalto o pode junto com um bando de enrolados do PMDB, com apoio do perdedor PSDB. Agora, quer se colocar como o 'catão' do planalto. Anão moral que a cada passo tenta barrar as delações e investigações. Imaginem se tivesse sido a Dilma a mandar uma 'carta' dessas ao PGR. O mundo cairia em sua cabeça.
Vazamento x apressar!
Neli (Procurador do Município)
Causa-me espécie esses vazamentos.
Independentemente de quem estiver na lista, quem a soltou não tem a ética em alta conta.
Todos os brasileiros desejam um Brasil decente, digno, onde a "lei de Gérson" seja revogada e enterrada no lixo com chumbo e diamante, mas,e a falta de ética?
Quem não tem ética, não comunga com o pensamento de todos os brasileiros honestos:um Brasil decente.
Deveria ser investigado e quem soltou a lista ser processado.
Quanto ao presidente, grande constitucionalista, determinar que o Procurador Geral da República apresse a investigação, tenho minhas dúvidas!
O melhor seria estabelecer um estardalhaço silêncio quanto a isso.
Ou então!
Deveria oferecer a administração para combater a corrupção.
Fazer do combate à corrupção o lema de governo.
Causa mal ao Brasil na união pornográfica entre o público e o privado, então, não pode colocar a culpa no investigador.
A corrupção (ativa e passiva) é um crime abjeto, tão abjeto quanto o latrocínio, talvez até mais!
O latrocida mata uma pessoa, acaba com uma família.
O corrupto(ativo e passivo) mata milhares de pessoas(sem educação, sem saúde e sem segurança) e coloca a sociedade brasileira de joelhos.
Tem que investigar para eliminar esses abjetos criminosos da sociedade brasileira.
Nulidades processuais e Temer Constitucionalista famoso kkk
Gilberto Serodio Silva (Bacharel - Civil)
Vale comentar que nulidades declaradas de oficio ou não de delações prejudicam o relator.
Pedro Correa um dos primeiros delatores, cuja delação Dr Sérgio Moro o isonômico e impessoal acolheu como prova em denuncia face Lula-lá, teve a dita cuja rejeitada e anulada pelo Exmo Teori.
No caso das 77 Delações da Odebrecht - falta conhecer 75 - estão sustentadas por robustas provas que não serão anuladas pela eventual anulação da delação quando o delator perde benefícios quanto a apenação.
Alguém pergunta ao constitucionalista famoso Michel Temer que está presidente não me parece por muito tempo, o que vem a ser confusão no processo. Sugerir que as investigações, Inquéritos e delações da Lava Jato prejudicam o governo na sua trilha política me parece confusão e auto de confissão, Rainha das Provas.
Comentários encerrados em 20/12/2016.
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