Dois dias depois de suspender as atividades por causa de um suicídio, o Fórum Ruy Barbosa, na capital paulista, funcionará normalmente nesta quarta-feira (31/8). Segundo o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP), a paralisação do serviço foi necessária para fechar o acesso a todas as rampas, com chapas de madeira, onde até então só havia fitas.
A corte diz que ainda vai concluir os serviços de acesso aos parapeitos, numa espécie de mutirão. Serão suspensos todos os trabalhos de marcenaria em andamento nos fóruns e demais unidades, para que o pessoal envolvido atue apenas no prédio da Barra Funda.
Na manhã de segunda-feira (29/8), um motoboy de 41 anos se jogou do 17º andar com o filho de quatro anos no colo. Em março, quando outra pessoa se atirou do local, o Fórum Ruy Barbosa chegou a fechar alguns acessos a rampas, mas o serviço parou devido aos cortes orçamentários em toda a Justiça do Trabalho.
“Após muita luta, conseguimos a liberação de recursos em meados de agosto e, de imediato, considerando os valores disponíveis, fizemos a compra emergencial das madeiras necessárias ao fechamento dos parapeitos, serviço que está em andamento e, quando finalizado, evitará ocorrências semelhantes. O tempo necessário para sua conclusão, por sua vez, não foi nosso aliado”, afirmou o TRT-2, em nota.
O tribunal disse que buscou “solução definitiva”, com a instalação de redes, mas o projeto custaria R$ 6 milhões. O prazo de execução seria de 12 meses depois da licitação.
A corte negou que o prédio tenha problemas de segurança. “Infelizmente, se consolidou no circuito dos locais em que os suicidas fazem seu último ato de desespero, sua manifestação pública.”
Leia a íntegra de comunicados do TRT-2:
A Presidência do TRT da 2a Região informa que o expediente no Fórum Ruy Barbosa (av. Marquês de São Vicente, 235 – Barra Funda – São Paulo-SP) será normal nesta quarta-feira (31).
As atividades na unidade foram suspensas nos dias 29 e 30 de agosto, regulamentadas pela Portaria 39/2016".
Novamente, com grande pesar, vivenciamos ontem mais um suicídio no Fórum Ruy Barbosa e desta vez acompanhado da morte de uma criança inocente, filho do suicida. Não há palavras para externar o horror vivenciado por todos aqueles que estiveram lá no momento da ocorrência e depois, acompanhando as autoridades competentes.
Além da tristeza pelo fato em si e pelos familiares dos envolvidos, vemos o Fórum Ruy Barbosa mais uma vez no circuito dos suicidas e nossos magistrados, servidores, advogados e jurisdicionados afetados diretamente, em seu ambiente de trabalho, por cenas de violência brutal que já colocam a cidade de São Paulo dentre aquelas com o maior índice de ocorrências do tipo no mundo.
Não nos cabe fazer análise simplista das motivações dos protagonistas da ocorrência, eis que o suicídio nunca está associado a fator único. Tampouco podemos ser levianos ao imaginar que nosso prédio é inseguro. Como já dissemos anteriormente, atende a todas as normas de segurança. Infelizmente, se consolidou no circuito dos locais em que os suicidas fazem seu último ato de desespero, sua manifestação pública.
O fato de sabermos que o prédio atende às normas de segurança, no entanto, não significa que não temos consciência de que medidas extremas devem ser tomadas para impedir novas ocorrências.
Em março, como todos sabem, as rampas foram fechadas e demos início aos trabalhos de contenção de acesso aos parapeitos, até que pudéssemos adquirir solução definitiva. O orçamento sempre foi um problema e em nossas reuniões com as associações nenhuma solução efetiva para a captação de recursos, que não aqueles oriundos da União, foi efetivada. Ressalta notar que os preços cotados para a colocação de redes superavam em cinco vezes o valor do madeiramento, além de não ser a alternativa mais indicada em termos de segurança, conforme apontado pelo arquiteto responsável.
Na mesma época, fomos surpreendidos com a efetivação dos cortes orçamentários, que nos impediram de prosseguir com aquela ou qualquer solução. Em 7 de julho, divulgamos carta aberta em que explicávamos a grave crise por que passamos e dizíamos que lutávamos para evitar o fechamento do Regional em agosto. Naquele contexto não havia recurso financeiro algum disponível.
Após muita luta, conseguimos a liberação de recursos em meados de agosto e, de imediato, considerando os valores disponíveis, fizemos a compra emergencial das madeiras necessárias ao fechamento dos parapeitos, serviço que está em andamento e, quando finalizado, evitará ocorrências semelhantes.
O tempo necessário para sua conclusão, por sua vez, não foi nosso aliado.
Emergencialmente determinamos a suspensão do expediente no Fórum na data de hoje (30) para o fechamento do acesso a todas as rampas com chapas de madeira em substituição às fitas zebradas.
Para concluir os serviços de acesso aos parapeitos, adicionalmente, determinamos que todos os demais trabalhos de marcenaria em andamento nos fóruns e demais unidades, o que inclui, inclusive, a montagem de mobiliário, sejam suspensos e todo o efetivo deslocado exclusivamente para o Fórum Ruy Barbosa.
Os trabalhos serão realizados sem interrupção e pretende-se que sejam ultimados o mais rapidamente possível, pelo que pedimos a compreensão de todos com relação aos eventuais transtornos que com certeza ocorrerão em decorrência do ritmo acelerado dos serviços.
Informamos, ainda, que a solução definitiva, aprovada pelo arquiteto Decio Tozzi, já consta em projeto detalhado com custo estimado de R$ 6 milhões, dependente de disponibilidade orçamentária e com prazo de execução, após licitado, de 12 meses.
Pedimos, ainda, que observem as orientações da Organização Mundial da Saúde a respeito e evitem a glorificação do ato praticado, o que estimula novas ocorrências. Esta Presidência está à disposição para receber a manifestação de todos aqueles que assim o desejarem.
Presidência do tribunal".