Crime homofóbico

Americano pega 40 anos de prisão por jogar água fervente em casal gay

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29 de agosto de 2016, 17h21

O caminhoneiro Martin Blackwell, de volta a Atlanta, no estado da Geórgia, nos EUA, depois de mais uma viagem a trabalho, foi direto para a casa onde vivia com a namorada, Jaya Tolbert, já tarde da noite. Se surpreendeu com o que viu: o filho da namorada dormindo com outro homem, em um colchão colocado na sala do apartamento. Ele foi à cozinha, ferveu uma panela de água e despejou a água fervente sobre o casal adormecido. Depois, aos gritos, colocou os dois para fora de casa.

Um júri de um tribunal de Atlanta considerou Blackwell, 48 anos, culpado de oito acusações de agressão qualificada e duas acusações de lesão corporal qualificada. O juiz Henry Newkirk sentenciou Blackwell a 40 anos de prisão, advertindo-o de que a pena poderia ter sido de até 80 anos, de acordo com o Washington Post e as emissoras de TV CNN, ABC e CBS.

Poderia ter sido ainda pior se fosse condenado por crime de ódio. Mas a Geórgia é um dos cinco estados americanos que não têm leis definindo crimes de ódio. Já teve, mas o tribunal superior do estado a revogou em 2004. De qualquer forma, o FBI anunciou que abriu uma investigação para apurar de Blackwell pode ser denunciado por crime de ódio com base em lei federal, de forma que sua pena seja aumentada.

O filho de Jaya, Marquez Tolbert, 21, e Anthony Gooden, 24, anunciaram a suas famílias que eram gays e que estavam namorando há seis semanas, poucos dias antes do incidente, em fevereiro. Ambos sofreram queimaduras de segundo e terceiro grau na face, pescoço, costas, braços, pernas, peito e cabeça.

Gooden teve de se submeter a uma cirurgia de implante de pele, que foi financiada por fundos obtidos através de um website. Ele ficou em coma induzido por cinco semanas. Tolbert precisa usar uma vestimenta de compressão 23 horas por dia, durante dois anos.

Blackweel disse à polícia que só jogou um pouco de água quente neles, para lhes dar uma lição, e que eles iriam ficar bem. Ao fim, a lição foi para ele mesmo, porque está preso desde o incidente, sem direito à fiança. Os promotores argumentaram que o fato de ele ter ido à cozinha para ferver a água comprova a premeditação do crime.

Quando Blackwell colocou os dois para fora de casa, eles tiveram de bater em várias portas, até que um dos vizinhos finalmente os deixou entrar para usar o telefone e pedir socorro. Agora os dois estão enfrentando um processo “agonizante” de recuperação.

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