Perseguidas na ditadura

Ministério da Justiça concede anistia a cunhadas de Betinho

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2 de abril de 2016, 17h26

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça concedeu, na sexta-feira (1/4), anistia política para as professoras Marilena e Kimiko Nakano, cunhadas do sociólogo Hebert José de Sousa, conhecido como Betinho. Segundo o órgão, as duas foram perseguidas pela ditadura militar e exoneradas dos cargos de professora devido ao posicionamento político delas na época.

Com a decisão, Marilena e Kimiko terão direito a receber, mensalmente, a título de reparação, R$ 2.778. O valor corresponde à remuneração média de um professor do ensino fundamental. Elas também receberão um pagamento adicional retroativo referente ao tempo que não puderam exercer a atividade profissional.

Marilena Nakano foi ativista do movimento estudantil quando frequentava a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Fundação Santo André e militante do grupo Ação Popular, nas décadas de 1960 e 1970. Enquanto presidente do centro acadêmico da faculdade, organizou a distribuição de panfletos contra a ditadura e foi presa em flagrante.

Por causa disso, a professora foi condenada pela auditoria militar a seis meses de prisão por subversão. Ela ficou presa por um mês no Presídio Tiradentes, em São Paulo, mas por ser menor de 21 anos na época, conseguiu redução da pena imposta pelo regime.

Após ser perseguida pela ditadura, foi demitida e proibida de lecionar na rede estadual. “O futuro está sendo produzido hoje por vocês. E é isso que nos permite ter esperança no futuro”, disse Marilena após saber da aprovação de seu pedido de anistia.

Já Kimiko Nakano era militante do grupo Ação Popular quando foi cassada pelo regime no final da década de 1970 e passou a viver na clandestinidade para não ser presa. Em 1976, seguiu para exílio no Canadá ao lado da irmã Maria Nakano e o cunhado Betinho. Permaneceu no exílio entre os anos de 1977 e 1980, quando também viveu na África.

Segundo a Comissão de Anistia, por causa da perseguição da ditadura, Kimiko foi exonerada, na década de 1960, do cargo de professora secundária por motivação política. Em 1967, foi aprovada em concurso público para a carreira de professora da rede pública de São Paulo, mas não pode tomar posse. Chegou a ser chamada para exame de admissão pelo Departamento Médico do Serviço Civil de São Paulo, mas devido “aos antecedentes criminais” foi impedida de exercer a função. Com informações da Agência Brasil. 

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