Consultor Jurídico

Cai total de novas ações na Justiça estadual, mas estoque segue alto

15 de setembro de 2015, 16h15

Por Felipe Luchete

imprimir

As controvérsias levadas aos 27 tribunais de Justiça brasileiros apresentaram uma ligeira queda no ano passado, quando o número de novas ações caiu em média 2%, na comparação com 2013. Esse tímido alívio é inédito ao menos desde 2009, porém não foi suficiente para reduzir o total de casos à espera de decisões.

Isso porque os recursos à segunda instância aumentaram 10%, e a taxa de desarquivamento manteve-se estável, em 75%. Assim, de cada 100 processos que tramitaram na Justiça estadual em 2014, apenas 25 foram baixados (encerrados na respectiva corte).

Os dados integram o relatório Justiça em Números, elaborado pelo Conselho Nacional de Justiça e divulgado nesta terça-feira (15/9). Segundo o estudo, os casos pendentes nos TJs (57,2 milhões) crescem desde 2009 e equivalem hoje a quase o triplo dos casos novos (20,1 milhões) e dos baixados (19,9 milhões). “Mesmo que o Poder Judiciário fosse paralisado sem ingresso de novas demandas, com a atual produtividade de magistrados e servidores seriam necessários quase três anos de trabalho para zerar o estoque”, aponta o levantamento.

Embora 18 tribunais (67%) tenham conseguido diminuir parte dos casos pendentes, a taxa de congestionamento ficou próxima à de 2014, por reflexo de três das cinco maiores cortes do país (TJ-SP, TJ-RS e TJ-MG), que juntas somam quase a metade de todos os processos em andamento no país. O maior gargalo da litigiosidade está na fase de execução, que abrange 51,8% do acervo.

O resultado não quer dizer que juízes e desembargadores trabalharam menos. O índice IPM, calculado pela divisão do total de processos baixados pelo número de magistrados, cresceu 0,6%. Em média, cada um dos 11,6 mil julgadores dos TJs conseguiu baixar 1.715 processos — 1.299 na fase de conhecimento e 448 na fase de execução. Em 2013, foram 1.704.

Na Justiça estadual é possível encontrar 81% dos processos em andamento no país. Por isso, resultados positivos ou negativos dessa esfera acabam impactando todas as análises globais do Judiciário, como ressalta o documento do CNJ.

Conflitos envolvendo contratos representam a maior parte dos processos (8,16%). Em seguida estão relações de consumo (responsabilidade do fornecedor e indenização por danos morais, que geraram 6,18% das ações), dívida ativa (4,24%), responsabilidade civil (3,75%) e questões de família e alimentos (3,15%). A Justiça estadual fechou 2014 com 2.620 comarcas e 179.711 servidores.

Cofrinho
As despesas totais da Justiça estadual em 2014 atingiram R$ 37,6 bilhões, um crescimento de 4% em relação ao ano anterior. A despesa equivale a R$ 185 por brasileiro e 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

Os gastos com recursos humanos são responsáveis por 89% do orçamento total. Dentro desse montante, 92% são usados para remunerar magistrados e servidores, enquanto 2,4% custeiam auxílio-alimentação, diárias, passagens e outras formas de assistência.

No sentido oposto, os cofres públicos receberam cerca de R$ 14,3 bilhões em decorrência da atividade jurisdicional (equivalente a 38% das despesas), como o recolhimento com custas processuais, as receitas decorrentes do imposto causa mortis nos inventários/arrolamentos judiciais e as receitas de atividades de execução fiscal.

Clique aqui para ler o relatório Justiça em Números.