Poder ofensivo

Justiça de Kentucky vai julgar versão feminina do "bom ladrão"

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2 de setembro de 2015, 10h32

A americana Mary Smith ligou para o Corpo de Bombeiros de Madisonville, Kentucky, para pedir ajuda. Havia um perigo de incêndio na casa. Quando os bombeiros chegaram, Mary, desesperada, abriu a porta e os levou até a cozinha. Não havia incêndio. Mas o perigo de incêndio era evidente: o fogão aceso e uma panela que poderia “incendiar” a qualquer tempo.

Os bombeiros fizeram a pergunta óbvia: Por que a senhora simplesmente não desligou o fogão? Ela não sabia lidar com aquele tipo sofisticado de fogão. Mas como a dona da casa não conhece o próprio fogão? Provavelmente, ela não era dona da casa. Os bombeiros, então, chamaram a Polícia.

Os policiais não tiveram dificuldade em obter uma confissão. Mary, que morava na vizinhança, entrou na casa depois que os donos saíram para trabalhar, para furtar medicamentos só vendidos com receita médica e cigarros. Não encontrou nada disso, mas aproveitou a visita para roubar um carrinho de feira.

Isso não tinha importância, sob a ótica de Mary. O importante era impedir que os bons vizinhos perdessem tudo em um incêndio. E, de fato, os bons vizinhos não perderam a casa e tudo que estava dentro dela.

Mary, porém, foi denunciada por violação de domicílio. “Ela admitiu que entrou na casa com a intenção de roubar medicamentos e cigarros”, relatou o policial que a interrogou. Ela foi presa e o juiz fixou a fiança em US$ 2 mil — uma quantia que ela, provavelmente, nunca viu, segundo o Huffington Post e o Surfky News.

Em Kentucky, a terra do frango frito — do popular Kentuchy Fried Chicken, que virou apenas KFC depois que campanhas nacionais condenaram as frituras — a “violação de domicílio” é um crime de classe C. Em outras palavras, é punido com uma sentença de prisão de cinco a dez anos.

Mary foi a única que saiu “queimada” nessa história. Mas ela não está sozinha. Nos EUA, ocorre uma violação de domicílio a cada dez segundos, segundo as estatísticas, que, no final das contas, relatam coisas muito piores: ocorre um roubo a cada 49 segundos, um estupro a cada cinco minutos e um assassinato a cada 22 minutos, de acordo com um artigo, baseado em vários levantamentos, chamado “Crime in America”.

Os custos são altos, de acordo com esse artigo: US$ 78 bilhões para o sistema de Justiça Criminal; US$ 64 bilhões em proteção privada; US$ 202 bilhões em perda de vida e de trabalho; US$ 120 bilhões em crimes contra empresas; US$ 60 bilhões em bens roubados e fraudes; US$ 40 bilhões em “abuso de drogas”; e US$ 110 bilhões em crimes derivados de direção embriagada.

Somados todos os custos, o crime custa aos americanos US$ 675 bilhões por ano.

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