Questões práticas

Compliance, home office e ética concentram debates sobre advocacia

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20 de outubro de 2015, 20h37

As mudanças no mercado da advocacia demoram para refletir, de alguma forma, nos bancos escolares. Assim, novidades como a grande demanda por profissionais especializados em compliance exigem que o próprio mercado treine seus profissionais. O presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo (Iasp), José Horácio Halfed Rezende Ribeiro, é direto: "A verdadeira formação se dá após obter a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil, quando se entra no mercado".

Alberto Mori, sócio do Trench, Rossi e Watanabe, relata que a prática vem crescendo mesmo em tempos de crise — muito devido à sinalização que o Judiciário vem dando com os reflexos da operação "lava jato", que investiga corrupção na Petrobras. “Do ano passado para cá, a área de compliance do meu escritório aumentou de sete a dez vezes", diz Mori.

Mori e Ribeiro discutiram o futuro da advocacia na palestra de abertura da edição 2015 da Fenalaw, feira anual que promove debates sobre o mundo jurídico.

O advogado do Trench, Rossi e Watanabe aproveitou para dar dicas de como o profissional que trabalha em escritório manter seus clientes. “É preciso vestir os sapatos dele, ficar realmente interessado pelo negócio do parceiro, falar sua língua e saber suas preocupações. Tem que se manter próximo, fazer reunião para falar de trabalho, mas outras para falar sobre amenidades. Isso cria um laço.”

Em sua participação, o presidente do Sindicato das Sociedades de Advogados de São Paulo e do Rio de Janeiro (Sinsa), Marcelo Pereira Gômara, falou o sobre a popularização do home office, ressaltando que trabalhar de casa pode não ser para todos. “Alguns advogados se organizam melhor no escritório, pois já têm uma rotina e sabem como ser produtivos. E, assim como no escritório, as condições de ergonomia e luz devem atender um padrão que não coloque em risco a saúde do profissional”, lembrou o dirigente do sindicato.

O presidente do Iasp também falou do tema e fez questão de pontuar que as possibilidades que novas tecnologias proporcionam não eliminam antigas práticas. “O contato pessoal, o olho no olho, tanto com o cliente quanto com os colegas no escritório não são substituíveis”.

Novo código
Carlos José Santos da Silva, presidente do Centro de Estudos das Sociedades de Advogados (Cesa) e sócio do Machado, Meyes, Sendacz e Opice, falou sobre duas mudanças que o novo Código de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil trará para os advogados.

“Dois artigos promovem situações interessantes e novas. Uma é o aviltamento de honorários de escritórios e departamentos jurídicos, que passará a ser punido como infração ética. Outro ponto é sobre a advocacia pro bono. O novo código deixa claro que ela não só é permitida como é um dever”, explicou.

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