Patrocínio infiel

Advogado Edson Ribeiro é preso ao desembarcar no Rio de Janeiro

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27 de novembro de 2015, 10h23

A Polícia Federal prendeu no início da manhã desta sexta-feira (27/11), no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, o advogado Edson Ribeiro, que chegava de Miami (EUA). Do aeroporto ele foi encaminhado para a Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro.

Ribeiro era defensor do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró nas ações da operação "lava jato". Edson Ribeiro teve a prisão determinada na quarta-feira (25/11) pelo ministro Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki na operação que prendeu o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), o banqueiro André Esteves, dono do Banco BTG Factual, e o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira. Todos acusados de tentar  obstruir as investigações da operação "lava jato".

Apesar de estar com a passagem de volta dos Estados Unidos marcada para esta sexta-feira, o ministro Teori Zavascki já havia autorizado a inclusão do nome do advogado na lista da Interpol, a polícia internacional.

Nesta quinta-feira (26/11), o advogado Bruno Espiñeira, afirmou à ConJur que iria pedir ao ministro Teori que reconheça o direito do cliente de ficar detido em Sala de Estado Maior, prerrogativa para advogados sem condenação. Na falta desse espaço, a aposta é que ele responda ao processo em casa. Espiñeira ainda analisa os argumentos usados para a prisão e diz que é preciso examinar o contexto dos áudios gravados.

Patrocínio infiel
Além de ser acusado de obstruir as investigações, Edson Ribeiro é acusado de patrocínio infiel. De acordo com a Procuradoria-Geral da República, ele participou das negociações em que o senador Delcídio do Amaral tentou impedir que Cerveró firmasse um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal. Em um dos encontros — que foi gravado pelo filho do ex-diretor, Bernardo Cerveró, em um hotel em Brasília — o senador prometeu pagar R$ 50 mil mensais à família do ex-diretor para não ocorrer a delação premiada.

De acordo com a denúncia da PGR, o advogado foi cooptado pelo congressista. “Edson Ribeiro passou, efetivamente, a proteger os interesses do senador Delcídio Amaral em sua interação profissional com Nestor Cerveró e Bernardo Cerveró, mesmo depois de tomada por Nestor Cerveró a decisão de oferecer colaboração premiada ao Ministério Público Federal. O advogado Edson Ribeiro recebeu do senador Delcídio Amaral, a certa altura das tratativas, a promessa de pagamento dos honorários que convencionara com Nestor Cerveró, cujo valor era de R$ 4 milhões”, diz a PGR no pedido de prisão enviado ao Supremo. A tratativa no entanto não deu certo. Cerveró acabou firmando acordo de delação no dia 18 de novembro.

Suspensão da OAB
A Corregedoria da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro quer que a entidade abra processo disciplinar contra Edson Ribeiro. O pedido foi enviado nesta quinta-feira (26/11) ao presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz.

A ideia da corregedoria é suspender provisoriamente a carteira do advogado enquanto ele responder ao processo. Conforme o Estatuto da Advocacia, isso pode ocorrer quando o profissional atua de forma contrária ao cliente. A suspensão impede o exercício da profissão em todo o país e pode durar de 30 dias a um ano. Com informações da Agência Brasil.

Clique aqui para ler a decisão que mandou prender André Esteves, Edson Ribeiro e Douglas Ferreira.

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