Aumento de ações

Ex-presidente do BC prevê 2015 bom para advocacia, mesmo com crise econômica

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20 de março de 2015, 19h41

“Dois mil e quinze será um ano bom para os escritórios, pelas razões erradas.” Essa é a previsão do ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola. Mesmo com um cenário econômico instável, causado pela combinação de recessão, inflação alta e real desvalorizado perante o dólar, 2015 não será um ano ruim para os advogados.

Felipe Lampe
Gustavo Loyola falou a plateia de advogados nesta sexta-feira (20/3).
Felipe Lampe

Em almoço do Instituto dos Advogados de São Paulo, nesta sexta-feira (20/3), na capital paulista, Loyola analisou que as mudanças na economia geram desequilíbrios contratuais, o que deve aumentar as demandas na área contenciosa. Também por causa desses impactos, ele enxerga um grande movimento de renegociação de contratos.

O esquema de corrupção na Petrobras divulgado na já famigerada operação “lava jato” também deve produzir oportunidades para os advogados que atuam nas áreas cível e criminal, opinou o ex-presidente do BC. Além disso, ele apontou a possibilidade de crescimento das operações de fusão e aquisição de empresas, devido à instável situação financeira delas.

Porém, o economista afirmou que alguns segmentos da advocacia devem ter um ano ruim. Entre eles, os que lidam com investimentos, mercado de capitais e project finance.

Visão dos advogados
Os advogados presentes no evento também se mostraram otimistas quanto ao impacto do cenário econômico turbulento em suas atividades. Para o presidente do Iasp, José Horácio Halfeld Rezende Ribeiro, a diminuição nos investimentos provocará demissões, que motivarão ações judiciais. As áreas mais beneficiadas nessa situação serão a trabalhista e a de recuperação de empresas, afirmou ele.

No entanto, José Horácio acredita que os escritórios grandes podem ter que fazer cortes orçamentários e de pessoal devido às condições econômicas adversas. As bancas menores, como a dele, não devem sofrer tanto, opinou. Mas o presidente do Iasp contou que os pedidos de pareceres jurídicos caíram bastante.

Milton Flávio de Almeida Camargo Lautenschläger, do Queiroz e Lautenschläger Advogados, que atua com contencioso cível, opinou que os escritórios que lidam com clientes não devem ter problemas com a crise. Por outro lado, as bancas que trabalham com projetos provavelmente serão prejudicadas, disse.

O advogado também destacou que muitas empresas vêm revisando seus contratos de honorários com escritórios. Devido a isso, muitas estão trocando os escritórios que prestam serviços a elas, segundo Lautenschläger.

Na visão do especialista em contencioso cível e comercial Rodrigo Matheus, do Matheus Advogados Associados, haverá um aumento da demanda de trabalho dos advogados. No entanto, ele afirma que essa elevação não devera refletir nos lucros das bancas, que tendem a permanecer estagnados neste ano.

De acordo com a tributarista Raquel Elita Alves Preto, do Preto Advogados, “as crises econômicas são amigas da advocacia de qualidade”. Ela relatou que sua banca está “superaquecida” nas áreas tributária (devido à busca de mais recursos pelo governo) e administrativa (por causa das licitações que estão sendo abertas ou refeitas).

O especialista em Direito Imobiliário, Alexandre Jamal Batista, do Ferriani & Jamal Sociedade de Advogados, traçou um diagnóstico semelhante aos de Loyola e José Horácio: a crise será boas para as áreas trabalhista e de recuperação de empresas, e ruim para as que envolvem investimento. Ele não acredita que haverá muitas demissões nos escritórios, mas apontou que as bancas não deverão crescer em 2015.

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