Direitos humanos

Morre Therezinha Zerbini, fundadora do Movimento Feminino pela Anistia

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15 de março de 2015, 18h30

A advogada, assistente social e ativista de direitos humanos Therezinha Zerbini morreu neste sábado (14/3), em São Paulo, aos 87 anos. A presidente Dilma Rousseff (PT) divulgou nota neste domingo (15/3) lamentando a morte da advogada, fundadora do Movimento Feminino pela Anistia.

“Tive o privilégio de conviver com Therezinha Zerbini em situações extremas: num cárcere da ditadura, onde nos conhecemos em 1970, e na luta pela anistia, da qual ela foi pioneira, ao criar, em 1975, o Movimento Feminino Pela Anistia”, declarou Dilma. A presidente afirmou ainda que a advogada simboliza a coragem da mulher brasileira.

Therezinha de Godoy Zerbini foi mulher do general Euryale de Jesus Zerbini, que comandava a Força Pública. Em 1964, o militar foi um dos quatro oficiais que, depois de assumir posição contrária ao golpe de Estado, teve seus direitos políticos cassados e foi aposentado.

Envolvida com a política desde os tempos do getulismo, Therezinha passou a atuar na resistência à ditadura. Em 1968, ela ajudou a conseguir o sítio onde aconteceria o Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (SP). Por conta disto, acabou presa no dia 11 de fevereiro de 1970.

A advogada foi levada para a sede da Operação Bandeirante (Oban), onde presenciou torturas sofridas por outros militantes por cinco dias, mas não foi torturada. Após mais uma semana de cárcere no Dops, ela foi levada para o Presídio Tiradentes, onde ficou presa por seis meses, enquadrada na Lei de Segurança Nacional.

Therezinha fundou em 1975 o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), que teve vários núcleos espalhados pelo país. Em 1978, o movimento cresceu e se transformou no Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), no Rio de Janeiro. O CBA, formado por advogados de presos políticos e com apoio da OAB, pedia a anistia ampla, geral e irrestrita, medida que foi decretada em 1979.

Ao lado de Leonel Brizola, Therezinha seguiu na política, participando da criação do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em maio de 2014, a advogada recebeu uma homenagem da prefeitura de São Paulo por sua luta contra a ditadura militar. Com informações da Agência Brasil e do portal Memórias da Ditadura.

Leia abaixo a nota da presidente Dilma:

O País perdeu ontem uma cidadã que simbolizou como poucas a coragem da mulher brasileira. Tive o privilégio de conviver com Therezinha Zerbini  em situações extremas: num cárcere da ditadura, onde nos conhecemos em 1970, e na luta pela Anistia, da qual ela foi pioneira, ao criar, em 1975, o Movimento Feminino Pela Anistia.

Therezinha Zerbini tem lugar assegurado na História do Brasil, como protagonista de uma das mais belas campanhas democráticas que nosso País conheceu.  É uma personagem da qual a família Zerbini e a cidadania brasileira devem se orgulhar para sempre. 

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

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