"Teoria da conspiração"

Presidente de tribunal da Conmebol refuta influência da Fifa na corte

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19 de maio de 2015, 18h51

O presidente do Tribunal Disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o brasileiro Caio Rocha, rebateu nesta terça-feira (19/5) a informação de que a confederação teria aberto mão de disputar a repescagem por uma vaga na Copa do Mundo em troca de uma punição mais branda para o time argentino Boca Juniors. “É um absurdo completo”, afirmou. “Chega a ser cômico. São coisas desproporcionais: uma vaga em Copa do Mundo e uma punição a um clube”.

A tese foi noticiada pelo diário esportivo espanhol As, segundo o qual a Fifa queria a suspensão do clube argentino em cinco torneios organizados pela confederação continental. O jornal sugere que, para manter o Boca em campeonatos continentais por razões comerciais, a Conmebol abriu mão da vaga na repescagem.

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Presidente de Tribunal Disciplinar, Caio Rocha diz órgão age com independência.

“Isso aí é parte das teorias conspiratórias que sempre surgem depois de uma decisão mais polêmica”, disse Caio Rocha. Ele explica que e Tribunal Disciplinar é um órgão independente da direção da Conmebol e no qual a Fifa sequer tem representante ou espaço para manifestar-se nos julgamentos. O órgão foi criado em 2013 e desde então é presidido pelo brasileiro, que tem mandato de quatro anos.

O Tribunal Disciplinar e a Câmara de Apelações funcionam como uma primeira e segunda instância da Justiça convencional. Cada órgão tem cinco membros, todos indicados pelas confederações nacionais filiadas à Conmebol. A Unidade Disciplinar da confederação faz as vezes da procuradoria, que recebe as denúncias e as encaminha para análise. “Quem pune é um órgão da Conmebol, com independência para decidir”, explica Rocha. 

Vagas na Copa
A vaga que o quinto colocado nas eliminatórias da América do Sul disputa para se classificar à Copa do Mundo é briga antiga na Federação Internacional de Futebol. A confederação da Oceania trabalha para que a vaga seja garantida aos times dos países do continente.

Uma eventual mudança na geopolítica da Copa do Mundo não está descartada. Mas Caio Rocha rechaça que isso tenha qualquer ligação com a decisão que puniu o Boca Juniors com a eliminação da Taça Libertadores, além de pagar multa de R$ 200 mil e jogar oito partidas longe de sua torcida — o recurso do clube foi negado pela Câmara de Apelações nesta terça (19/5).

“Isso não tem nada a ver. Até porque é dar a um clube uma importância extremamente exagerada. Um clube de um país filiado teria condições políticas de negociar uma vaga em Copa do Mundo? É risível. Não faz sentido”, disse.

Demora no julgamento
A decisão que desclassificou o Boca Juniors da Libertadores saiu no último sábado. A audiência estava marcado para o início da tarde e o anúncio da pena e só saiu no final da noite. Esse intervalo de tempo também alimentou especulações sobre supostas ações para influenciar o julgamento.

“Foram juntados novos documentos apresentados pelo River Plate e demos oportunidade da defesa do Boca analisar. Depois deliberamos e fomos redigir a decisão. É uma coisa que demora um pouco, pois há uma reflexão. Tivemos que tomar uma decisão que vai servir de parâmetro daqui para frente. Espero que os fatos não se repitam, mas é paradigmático”, explica Caio Rocha.

Confusão
O Boca Juniors foi eliminado da Taça Libertadores da América por conta de um ataque de seus torcedores a jogadores do River Plate em partida da competição no dia 14 de maio. Além de ficar de fora, o time deverá jogar quatro partidas organizadas pela Conmebol com os portões fechados em seu estádio, a Bombonera, onde aconteceu a confusão. O Boca também perdeu o direito a ingressos como visitante em outros quatro jogos e deve pagar uma multa de US$ 200 mil. A Câmara de Apelações negou nesta terça-feira o recurso da equipe e manteve a decisão na íntegra.

River Plate
Boca Juniors foi eliminado por agressão de torcida contra jogadores do River Plate.
River Plate

O caso aconteceu na partida de volta das oitavas-de-final da Taça Libertadores da América, na Bombonera, entre o Boca e seu rival, o River Plate. A partida foi suspensa depois do intervalo, quando um torcedor do Boca atirou gás pimenta no túnel que dá acesso ao gramado para o time visitante. O jogo estava empatado em 0 a 0, o que garantia a classificação ao River (que venceu a partida de ida por a 1 a 0). Com a punição, o River Plate avançou à fase seguinte.

Foi a primeira vez que um clube foi punido por "agressão premeditada e organizada" por seus torcedores contra jogadores de um time adversário, apontou a decisão do tribunal. "Os clubes sul-americanos precisam se adaptar a esta nova fase da Conmebol, que desde 2013, com a criação do Tribunal de Disciplina, age com rigor e celeridade no que diz respeito à disciplina e moralidade do futebol. O recado está dado: vandalismo e indisciplina não são bem vindos na Libertadores", disse Caio Rocha na ocasião.

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