Arquivos secretos

Advogados que atuam como diretores em empresa não têm imunidade, diz Moro

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19 de junho de 2015, 21h35

A Polícia Federal passou por um impasse até a noite desta sexta-feira (19/6) ao cumprir mandado de busca e apreensão envolvendo três advogados na operação “lava jato”. Os agentes chegaram à sede da Odebrecht às 6h, mas só às 20h conseguiram que o juiz federal Sergio Fernando Moro liberasse o material de diretores de empresas do grupo que têm inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil.

O juiz considerou que “não pode o gestor/sócio pretender imunidade à busca só porque, além da referida condição, é também advogado”. Já a defesa da empreiteira alega que essa medida é um “completo absurdo”, porque os diretores não são alvo de investigação e ao menos dois deles são a ponte entre a Odebrecht e o escritório Cavalcanti & Arruda Botelho Advogados.

O advogado Rafael Tucherman diz que, com a coleta de e-mails dos diretores, certamente vão aparecer mensagens trocadas com o escritório. Um dos receios é de que vaze para a imprensa conteúdo que deveria ficar protegido sob sigilo. Em petição enviada ao juiz, Tucherman e o advogado Augusto de Arruda Botelho afirmaram que o recolhimento de material violaria os direitos da classe. O documento foi assinado por Airton Martins da Costa, membro da Comissão de Direitos e Prerrogativas da OAB-SP.

Para tentar evitar que fossem recolhidos arquivos sigilosos, Moro determinou à tarde que a PF fizesse o filtro de todo o conteúdo no local. Só que surgiu um novo problema: a polícia respondeu que os e-mails do trio geraram dados que somam 6,4 GB. Por isso, seria inviável o exame ali mesmo.

O juiz determinou então, às 20h, que todas as mensagens e arquivos deveriam ser copiados e mantidos em material lacrado. Só depois ele vai decidir qual a melhor forma de selecionar as mensagens. Na decisão, Moro garantiu que, “em nenhuma hipótese, eventuais mensagens protegidas pelo sigilo profissional poderão ser utilizadas no processo”. A defesa da empreiteira, porém, estuda qual medida tomar para reverter a situação. 

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