Questão internacional

Após incidente com senadores, Brasil enviará nova comitiva à Venezuela

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18 de junho de 2015, 22h41

Após senadores brasileiros terem sido impedidos de trafegar na Venezuela, o Plenário do Senado, nesta quinta-feira (18), aprovou a ida de uma segunda comotiva ao país. Os nomes que integrarão esta nova comitiva ainda não foram definidos.

Nesta quinta-feira (18/6), a comitiva de senadores brasileiros que foi à Venezuela para pressionar o governo local a libertar presos políticos e marcar eleições parlamentares mal conseguiu sair do aeroporto.

Segundo José Agripino (DEM-RN), manifestantes esmurraram e atiraram pedras na van levava os parlamentares até o presídio onde estão alguns dos detidos. Depois de duas tentativas de sair do aeroporto, os políticos decidiram retornar ao Brasil na noite desta quinta.

Arapuca e boicote
O senador do DEM, que compunha a comitiva brasileira de parlamentares que visitou Caracas, capital da Venezuela, classificou a viagem do grupo ao país liderado por Nicolás Maduro como arapuca e boicote. Ele também criticou a posição adotada pelos governos do Brasil e da Venezuela à situação vivida pelos políticos em Caracas.

José Cruz/ABr
Governo brasileiro deveria convocar seu embaixador na Venezuela, disse Aécio
José Cruz/ABr

Ainda na Venezuela, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) cobrou uma atitude do governo brasileiro. "É preciso que haja uma manifestação do governo brasileiro. Inclusive, na minha avaliação, pedindo o retorno do embaixador brasileiro na Venezuela para saber o que efetivamente aconteceu", disse Aécio.

O senador mineiro afirmou ainda que a situação atual da Venezuela tem certa parcela de culpa do Brasil. “É uma demonstração clara de que o governo brasileiro não só se omite; o governo brasileiro, de alguma forma, é cúmplice daquilo que vem acontecendo na Venezuela, e colocou em risco a vida dos senadores brasileiros”, alegou.

Resposta brasileira
Em nota oficial, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defendeu os senadores que estão em Caracas, na Venezuela, em missão oficial, para visitar opositores ao regime do presidente Nicolás Maduro. Leia a íntegra da nota:

O Presidente do Congresso Nacional recebeu relatos apreensivos da delegação de senadores brasileiros em viagem a Venezuela através dos senadores Cássio Cunha Lima, Aloysio Nunes Ferreira, Ronaldo Caiado e Aécio Neves. Há relatos de cerco à delegação brasileira, hostilidades, intimidações, ofensas e apedrejamento do veículo onde estão os senadores brasileiros. O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados. As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Eles precisam ser combatidos energicamente para que não se reproduzam.

Na Câmara dos Deputados foi aprovada, também nesta quinta-feira (18/6), uma moção de repúdio aos atos de protesto contra a delegação brasileira. Além disso, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, conversou com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, por telefone. O ministro das Relações Exteriores foi acionado pela presidente Dilma Rousseff para atuar no incidente.

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, confirmou que o governo brasileiro já está tomando providências junto ao governo venezuelano. “A presidente Dilma Rousseff já está acionando o governo da Venezuela, e o nosso governo não vai aceitar qualquer ação do governo venezuelano que comprometa o direito de ir e vir de líderes da oposição do Brasil”, completou.

Uma comissão de deputados vai conversar com o ministro das Relações Exteriores para verificar as medidas do governo brasileiro em relação ao episódio.

Vai esperar
Para o advogado e mestre em Direito Internacional Manuel Nabais da Furriela, o Brasil não irá convocar seu embaixador na Venezuela de volta agora. Ele diz que o governo “irá aguardar o desenrolar do caso” devido ao bom relacionamento entre as duas nações. “As relações são muito próximas, muito tradicionais”, disse.

Furriela concorda com o comentário de Aécio Neves sobre a parcela de culpa do governo brasileiro na situação venezuelana. Ele lembra que países com menor prestígio e força regional já se manifestaram contra a prisão dos presos políticos, mas “o Brasil nada fez sobre o tema nos últimos tempos”.

Em relação à segunda comitiva brasileira que já foi aprovada pelo Senado, o advogado afirma que esse tipo de medida será mais frequente, mas que tem receio sobre os resultados das novas visitas. “O único temor que tenho é que em vez de criticar a situação, os políticos que visitem a Venezuela passem à sociedade a ideia de que esse problema não existe”, finalizou. Com informações da Assessoria de Imprensa do PSDB e das agências Câmara e Senado.

Pelo Twitter, ainda durante a visita à Venezuela, senadores contaram o ocorrido:

 

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