Anuário Análise

Jurídico se aproxima da área estratégica de negócios das empresas

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17 de junho de 2015, 7h03

A área jurídica está se aproximando da área estratégica de negócios da empresa e participando, cada vez mais, das discussões de gestão. Esse atual papel da advocacia nas corporações é demonstrado na nova edição do Anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros, lançado nesta terça-feira (16/6), em São Paulo.

A publicação mostra que em 2015, 65% dos executivos jurídicos respondem ao principal executivo da empresa. Em 2008, 52% dos advogados tinham esse papel. O evento contou com a participação do presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Fábio Prieto.

Na 8ª edição, o anuário mostra o perfil dos principais executivos jurídicos e financeiros das mil maiores empresas do Brasil. Além disso, traz uma lista com os 50 executivos jurídicos mais admirados do país. Segundo a diretora presidente da Análise editorial, Silvana Quaglio, essa edição é especial é teve uma tiragem de apenas 16 mil exemplares. Por isso, será encaminhada diretamente para empresas e escritórios, e não vendida em banca.

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Advogados enriquecem discussões internas da empresa, avalia Josie Jardim
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Maior integração
Essa pesquisa especial que aponta os diretores mais admirados foi feita com a indicação dos próprios responsáveis pelos departamentos jurídicos das empresas. Em primeiro lugar, ficou Josie Jardim, diretora jurídica da Amil. Segundo ela, o modelo em que o jurídico reporta diretamente ao líder da companhia e participa efetivamente das decisões estratégicas não é novidade para as multinacionais e no Brasil, cada vez mais, as empresas adotam esse modelo.

“Com a sofisticação das companhias se percebeu que o advogado, da mesma forma que o responsável pelo RH e finanças, tem muito a agregar, não só no sentido de evitar litígio e proteger a companhia, como também de enriquecer a discussão”, disse.

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Newman Debs aponta que advogados estão mais envolvidos com administração.
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Foco no que importa
Newman Debs
, responsável pela área jurídica da Unilever Brasil e que também recebeu a premiação, concorda. Para ele, os advogados estão terceirizando as tarefas mais rotineiras, como emissão de procuração, acompanhamento de processos, e focando nas tarefas mais estratégicas.

Isso é, ele explica, o advogado interno aproveita a posição de estar dentro da empresa para agregar um pouco mais de valor. “Eles estão mais envolvidos no conselho administrativo das empresas, discutindo riscos e oportunidades com a gestão e se concentrando em processos que tenham um valor muito alto ou que tenha uma tese jurídica mais crítica”, afirmou.  

Demanda maior
O diretor jurídico da Fiat e da Chrysler, Márcio de Lima Leite, também recebeu o prêmio por ser um dos executivos mais admirados do país. Segundo ele, se a área jurídica não estiver dentro da área de tomada de decisões da empresa, não é possível fazer uma boa gestão jurídica.

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Para Márcio de Lima Leite, envolvimento com departamento jurídico é inevitável
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Leite credita essa necessidade aos investimentos que o Brasil recebeu nas últimas duas décadas. Isso, segundo ele, forçou a participação do jurídico. Ele ainda cita a burocracia do país que exige explicações mais técnicas para o investidor.

“Quanto maior a burocracia, maior distanciamento do jurídico dos negócios da empresa, porque o advogado começa a ficar focado em acompanhar a burocracia e a morosidade do sistema e não consegue entrar nas questões estratégicas."

O anuário amplia um mercado em ascensão: de publicações analíticas sobre a Justiça e a advocacia. Em agosto, a ConJur lançará o Anuário da Justiça do Trabalho 2015, que perfila a Justiça Trabalhista brasileira, com as decisões mais importantes do último ano e as posições de ministros e desembargadores.

*Texto alterado às 18h44 do dia 17 de junho de 2015 para acréscimos.

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