Henrique Nelson Calandra que se aposenta no próximo mês, como desembargador em São Paulo, depois de 35 anos de brilhante carreira na magistratura é referência de homem público. Sua influência na família forense sempre esteve presente, norteando e ensinando valiosos princípios, notadamente, o respeito a todos os que divergem entre si, porque nessa verdade se sustentam os valores da democracia, que tanto prezamos, enquanto operadores do Direito e cidadãos.
Na magistratura é liderança entusiasmada, exemplo de humanista convicto e de profissional preparado e dedicado, merecedor de todas as homenagens recebidas na carreira. Desenvolveu, enquanto presidente, um trabalho importantíssimo à frente de duas grandes entidades representativas da magistratura — a Associação Paulista dos Magistrados (Apamagis) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).
Influenciou a história recente do Poder Judiciário, a vida e a carreira de um número incontável de pessoas. Por todos é respeitado e, mais do que querido, literalmente, amado em todo o território brasileiro, porque, em toda a sua trajetória nacional, somente fez o bem sem olhar a quem.
Particularmente, nos momentos mais importantes de minha carreira, o desembargador Henrique Nelson Calandra esteve presente. Pude contar com sua presença inspiradora, amiga e conselheira. Para se ter a dimensão, basta narrar que o Dr. Calandra é o responsável por meu ingresso na advocacia.
Sempre quis colaborar com meu pai, o advogado Mario Jackson Sayeg, porque ele trabalhava muito para sustentar a família e aos 16 anos, eu já ajudava na função de boy em seu escritório de advocacia. No entanto, ainda não havia decidido seguir a profissão de meu pai.
Todavia, sempre que levava uma petição para despachar com o então juiz Nelson Calandra, ele me recebia com um sorriso e conversava comigo. Nestes encontros, como todo jovem que precisava de mentor, foi ele quem me mostrou e me convenceu sobre as possibilidades que o Direito tem de mudar o planeta; e, também do potencial que o advogado dispõe de ajudar o próximo, de construir a cidadania, de reparar danos de toda espécie, de mudar a vida das pessoas para melhor, de tornar o mundo mais justo. Era tudo o que, enquanto um jovem idealista precisava ouvir para decidir sobre o meu futuro profissional como advogado.
A afinidade que tenho com o desembargador Calandra também está presente na minha carreira acadêmica. Quando inaugurei o curso de pós-graduação na Unitoledo de Araçatuba, ele estava presente.
Também coube a ele prefaciar meu livro sobre a doutrina jurídica do Capitalismo Humanista, lhe emprestando o aval necessário para o seu caráter vanguardista e transformador. No prefácio do livro sobre o Capitalismo Humanista, redigido em coautoria com o professor Wagner Balera, Nelson Calandra legitima a proposta dessa doutrina que “parte de aparente antítese: de que o capitalismo pode ser humanista. Vale dizer: que o ato de produzir riquezas não se destina, tão somente à acumulação de recursos financeiros.”
Calandra emprestou apoio público e pessoal, quando no plenário da Câmara de Vereadores do Município de São Paulo, no último dia 25 de maio, recebi a Salva de Prata em nome do Instituto do Capitalismo Humanista.
E, ainda mais recentemente, no último dia 3 de junho, dividi com Calandra uma mesa científica na Universidade de Sorbonne de Paris sobre Direitos Humanos, onde foi abordado o Capitalismo Humanista.
Enfim, Henrique Nelson Calandra, encerra sua carreira na magistratura e, deixa para todos a certeza, especialmente para mim, que é um ser humano incrível e que efetivamente contribuiu para o bem geral.