Juiz desde 1980

Henrique Nelson Calandra se aposenta do Tribunal de Justiça de São Paulo

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14 de julho de 2015, 14h00

O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Henrique Nelson Calandra se aposenta oficialmente nesta terça-feira (14/7). Em carta ao presidente da corte, José Renato Nalini, Calandra demonstrou gratidão aos magistrados e servidores do tribunal.

Além disso, ele agradeceu à sua família e aos seus companheiros de jornada, e afirmou que agora inicia uma nova etapa em sua vida.

Nascido em julho de 1945, em Itaquaquecetuba, Calandra se tornou bacharel pela Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1974. Ingressou na magistratura como juiz substituto, nomeado para a 10ª Circunscrição Judiciária, com sede em Pirassununga, em 1980. Atuou nas comarcas de Osasco, Buritama, Jales, Suzano e São Paulo. Foi juiz do 2º Tribunal de Alçada Civil e do Tribunal de Alçada Criminal.

Em 2005, foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Também foi presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis) e da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB).

Leia a íntegra da carta de despedida de Calandra:

"Carta ao Presidente do Tribunal de Justiça Des. José Renato Nalini e aos meus colegas Desembargadores e Juízes

Neste 14 de julho de 2015, uma data que tantos recomeços marcou na história da humanidade, escolhi como sendo a indicada para registrar uma nova etapa de uma nova vida de um ser humano tão igual a milhões de outros, que foi escolhido para a difícil missão de julgar seus semelhantes.

Depois de mais de 58 anos de trabalho, marcado pela primeira vez no tilintar estridente do relógio de ponto, aos 12 anos de idade, às 7 horas de uma fria manhã, quis a vontade soberana de Deus, que aquele menino nascido em uma família numerosa, marcada pela fraternidade, que conheceu e percorreu vários caminhos profissionais, pudesse alcançar a graça, depois de atender pessoalmente mais de meio milhão de jurisdicionados e de proferir mais de 40.000 votos em segundo grau, tendo também exercido cargos de destaque na vida Associativa Nacional e Internacional, pudesse puxar as pesadas cortinas do tempo aos 70 anos de idade, depois de mais de 34 anos junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo, para colocar sua vida mais uma vez a serviço de novas missões.

A humanidade, que tanto avançou na tecnologia e na ciência, parece que perdeu o caminho do amor e da paz. Hoje nós vivemos em uma época na qual como diz nosso poeta maior Paulo Bomfim, as máquinas se humanizam e os homens se maquinizam. Por isto, ainda é tempo para com base no já esquecido humanismo, comecemos a grande travessia do Oceano das ideologias, das religiões, dos partidos, da ética, das regras trazidas pelas constituições e pelas leis, regulamentos e ordens, para o grande desafio de redescobrir o ser humano.

Que meu pensamento neste momento, possa ser de gratidão a todos aqueles, que me preparam para ser um estudante devotado, um verdadeiro advogado, um dedicado magistrado. Quero destacar a presença de meu pai Henrique (já falecido) e Amélia, meus primeiros professores de ética e vida, minhas 6 irmãs e meu irmão e meus 3 primos, que conosco caminharam por longo trecho de vida, cada qual a me ensinar algo precioso, com suas preciosas vidas e amizades. Não deixo de lembrar minha esposa Lucy que com seus 4 filhos e 4 netos, que adotei como meus, que ampliaram meu amor e a dimensão da minha vida que já contava com minha querida filha Daniela.

Quero dizer da minha gratidão aos servidores do Tribunal de Justiça e também a todos àqueles que comigo trabalharam na vida Associativa, uma página especial ao meu amigo já falecido Luiz Roberto La Scalea Schmidt que, juntamente com o Des. Alceu Penteado Navarro e Rui Stoco, me convenceram a prestar concurso na Magistratura Estadual e me ajudaram na preparação.

Enfim Senhor Presidente, caros amigos, a sensação de um novo amanhã, com renovados ideais, e a presença inseparável dos exemplos de dignidade e luta de cada colega de primeiro e segundo grau, dos Tribunais Superiores e do Supremo Tribunal Federal. Queria eu dispor de uma vida suplementar tão longa quando esta etapa vencida para poder homenagear e agradecer a cada um pelo relevante serviço prestado ao Brasil e, sobretudo, registrar meu agradecimento ao povo Brasileiro ao qual servi, como partes, no protagonismo dos processos judiciais.

Henrique Nelson Calandra

Desembargador"

Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-SP.

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