Dados fechados

Depois de OAS, defesa da UTC também cobra acesso a grampos na “lava jato”

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21 de janeiro de 2015, 17h05

A defesa de executivos da UTC Engenharia decidiu cobrar acesso a informações sobre grampos feitos durante a investigação da operação “lava jato”. Os advogados Alberto Toron e Carla Domenico reclamaram nesta quarta-feira (21/1) que os autos não revelam dados fornecidos por operadoras de telefonia — eles querem saber, por exemplo, o período em que as interceptações ocorreram, com quem as pessoas investigadas conversaram e se houve “seleção de material” nos áudios disponibilizados.

Os advogados dizem que nem sequer tiveram conhecimento sobre as comunicações mantidas entre as operadoras e a Polícia Federal. Segundo eles, a medida é “essencial para que se verifique a regularidade do procedimento”, já que o material serve de prova. “Do contrário, torna-se impossível aferir-se a legalidade dos procedimentos e, com isso, o contraditório deixa de ser efetivo”, diz a petição.

O pedido segue estratégia já adotada pela defesa de executivos da empreiteira OAS. Conforme revelou a revista Consultor Jurídico, o advogado Roberto Telhada e colegas questionaram no dia 6 de janeiro por que só em maio de 2014, depois que a “lava jato” foi deflagrada, identificou-se que o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) havia trocado mais de 1,4 mil mensagens com o doleiro Alberto Youssef.

A descoberta do nome levaria as investigações ao Supremo Tribunal Federal, pois Argôlo tem prerrogativa de foro. Eles também solicitavam acesso a dados das interceptações, mas ainda não houve resposta ao pedido.

Agora, Toron e Domenico pedem mais tempo para apresentar defesa, relatando outros problemas que poderiam prejudicar o réu. Segundo eles, o Ministério Público Federal não identificou corretamente os documentos anexados na denúncia e seria “imprescindível” ler o depoimento prestado pela ex-gerente da Petrobras Venina Fonseca à CPI do Senado.

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Suspeita de cartel
Ricardo Pessôa (foto), ex-presidente da UTC Engenharia, é acusado de coordenar um suposto “clube” de empreiteiras que fraudariam contratos da Petrobras. Ele está preso desde novembro, quando a “lava jato” ganhou novos contornos — de um suposto esquema de lavagem de dinheiro no Paraná, que seria liderado pelo doleiro Alberto Youssef, o foco passou para executivos com relações na estatal.

A UTC foi uma das 23 empresas proibidas de ter novos contratos com a Petrobras. Para a construtora, a suspensão baseou-se apenas em “declarações vagas e leigas” de depoimentos colhidos na operação “lava jato”.

Clique aqui para ler a petição da defesa.

Processo: 5083401-18.2014.404.7000

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