Conta-gotas

Policial reclama de vazamento distorcido de seu depoimento na "lava jato"

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8 de janeiro de 2015, 16h40

O policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, um dos alvos da operação “lava jato”, pediu que a Justiça Federal apure o “vazamento seletivo e distorcido” de depoimentos que prestou à Polícia Federal, citando agentes públicos. O jornal Folha de S.Paulo publicou, nesta semana, trechos da fala em que ele diz ter entregado dinheiro ao deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao senador eleito Antonio Anastasia (PSDB), ex-governador de Minas Gerais.

Reprodução
Jayme, conhecido como Careca, prestou três depoimentos sigilosos à PF em Curitiba. Em petição encaminhada ao juiz federal Sergio Fernando Moro, a advogada dele, Tatiana Maia, diz que “foi surpreendida” ao ver parte do conteúdo divulgada pela imprensa, quando somente a instituição e a defesa deveriam ter conhecimento das falas. Também afirma que foram noticiadas informações "inverídicas" e que o vazamento expõe o cliente e sua família à "execração pública".

Para a advogada, os responsáveis pela divulgação devem responder pelo crime de quebra de sigilo. Sem responsabilizar diretamente a PF, ela disse à revista Consultor Jurídico não ter conhecimento se os depoimentos chegaram ao Ministério Público Federal ou à 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada por Moro. Maia afirmou ainda que o cliente não firmou acordo de delação premiada, mas decidiu contar o que sabe, “dentro do conhecimento dele, que é limitado”.

Em nota, a Procuradoria-Geral da República afirmou não ter tido acesso aos depoimentos dele “até o momento”. As assessorias de imprensa da Justiça Federal no Paraná e da Procuradoria da República no Paraná não souberam informar se o documento chegou às mãos do juiz e de procuradores que atuam nos processos ligados à "lava jato" em primeira instância.

Ponte aérea
Jayme Oliveira Filho atuava como agente no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. Segundo a PF, ele colaborava com um esquema de lavagem de dinheiro que seria comandado pelo doleiro Alberto Youssef, transportando dinheiro em espécie e facilitando que integrantes do grupo se movimentassem pelo aeroporto. Ele chegou a ser preso em novembro, mas está em liberdade.

Antonio Anastasia e Eduardo Cunha negam ter recebido dinheiro do policial. Em nota divulgada nesta quinta-feira (8/1), Anastasia declarou estar “tomado de forte indignação” pela citação de seu nome. Cunha afirmou à Folha de S.Paulo não ter “nada a temer” e responsabilizou o vazamento a adversários políticos — o peemedebista disputa a presidência da Câmara dos Deputados.

Clique aqui para ler o pedido.

Processo 5073475-13.2014.404.7000

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