"Lava jato"

MPF denuncia Soares, Cerveró e Algorta por quadrilha e lavagem de dinheiro

Autor

24 de fevereiro de 2015, 11h30

O Ministério Público Federal ofereceu denúncia, nesta segunda-feira (23/2), contra Fernando Soares, Nestor Cerveró e Oscar Algorta pelos crimes de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro, apurados na operação "lava jato", que investiga desvios de recursos da Petrobras.

Cerveró é acusado de utilizar o cargo de diretor na estatal para favorecer contratações de empreiteiras mediante o pagamento de propina e Fernando Soares é apontado como operador financeiro do esquema. Já Oscar Algorta, segundo o MPF, lavou dinheiro ao adquirir com valores ilícitos uma cobertura de luxo no Rio de Janeiro, em nome da offshore uruguaia Jolmey, para ocultar a real propriedade atribuída a Cerveró.

Segundo a denúncia, para o perfeito funcionamento do esquema das empreiteiras que fraudaram licitações na Petrobras, foram subornados empregados do alto escalão, entre eles Nestor Cerveró, diretor Internacional da estatal entre 2003 e 2008, e foram utilizados operadores financeiros para lavagem de dinheiro como Fernando Soares. As diligências demonstraram que Fernando Soares era, na época, o operador financeiro ligado à Diretoria Internacional da Petrobras, atuando em favor de Cerveró para intermediar o pagamento de propina e lavar os recursos ilícitos adquiridos. Eles são acusados do crime de quadrilha.

Segundo o MPF, a investigação da operação "lava jato" também descobriu que parte dos valores recebidos a título de propina por Cerveró foi remetida ao exterior para empresas offshores situadas no Uruguai e Suíça. Posteriormente, constatou-se que uma parcela dos recursos retornou ao Brasil por meio da simulação de investimentos diretos na empresa brasileira Jolmey do Brasil Administradora de Bens, a qual, na realidade, tratava-se de uma filial da offshore uruguaia Jolmey. A denúncia explica que ambas as empresas eram de propriedade de Cerveró, mas estavam registradas e eram administradas formalmente por terceiros. 

A denúncia diz que Oscar Algorta era o presidente do Conselho de Administração da Jolmey no Uruguai e também foi o mentor intelectual da operação de lavagem de capitais que beneficiou Cerveró. Segundo o registro de imóveis, um apartamento de cobertura no bairro de Ipanema foi adquirido pela Jolmey do Brasil. Contudo, desde o início, o imóvel foi adquirido e pertencia a Cerveró, havendo forte conjunto probatório indicando que a Jolmey do Brasil era controlada por ele.

Depois da venda, o apartamento foi "alugado" a Cerveró por um valor muito abaixo do mercado. "O objetivo de Cerveró e Algorta era simular uma uma locação do imóvel como forma de ocultar a real propriedade do bem e evitar que Cerveró pudesse ser alvo de investigação por enriquecimento sem causa — e claro, de corrupção", diz a denúncia.

Dentre os pedidos da denúncia está o perdimento do apartamento bem como os valores das contas-correntes da empresa, possivelmente proveniente dos aluguéis recebidos pela utilização do bem. Outro pedido é o pagamento de reparação dos danos causados pela infração no valor de R$ 7,5 milhões. Com informações da Assessoria de Imprensa do MPF.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!