Depoimento ao juiz

Campanhas de Sérgio Cabral e Pezão receberam propina, diz Youssef

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11 de dezembro de 2015, 9h24

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral e seu sucessor Luiz Fernando Pezão receberam R$ 30 milhões em propina de empresas que atuavam na obra do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), afirmou o doleiro Alberto Youssefm, em depoimento. Segundo ele, o dinheiro teria sido usado na campanha à reeleição, em 2010.

“Eu não participei da negociação e de nenhuma reunião. O que me foi repassado por Paulo Roberto Costa é que eu deixasse de cobrar o consórcio Compar, porque esse dinheiro seria repassado a integrantes do governo do Rio de Janeiro”, declarou Youssef ao juiz auxiliar Ricardo Coimbra, em audiência por videoconferência, nesta quinta-feira (10), no Superior Tribunal de Justiça.

A audiência foi determinada pelo ministro do STJ Luis Felipe Salomão, que é relator do inquérito que apura se Cabral, Pezão e o ex-chefe da Casa Civil Regis Fichtner receberam dinheiro desviado da Petrobras para campanhas eleitorais no estado. Durante a audiência, o juiz auxiliar citou depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

Costa havia afirmado que o dinheiro para a campanha do ex-governador veio de empresas que atuavam na obra do complexo petroquímico e que a intermediação foi feita diretamente por Fichtner, sem a participação de Youssef. Segundo o ex-diretor da Petrobras, as empreiteiras OAS, Odebrecht e UTC — que formam o consórcio Compar — contribuíram com R$ 15 milhões. O restante foi feito por empresas como Skanska e Alusa.

Youssef disse que tinha contato com todas as empresas, pois ele foi o responsável por captar, a partir de 2008, os valores ilícitos com as empresas destinados ao Partido Progressista (PP). Ele afirmou que a cobrança acontecia logo após a assinatura dos contratos. Porém, nesse caso, o doleiro afirmou que deixou de receber para os partidos para que os valores fossem repassados diretamente para a campanha do governo do Rio.

“Na verdade, o valor correto era de R$ 34 milhões, onde Paulo Roberto Costa, negociando com Ricardo Pessoa, presidente da UTC, deu um desconto de R$ 4 milhões. Dos R$ 30 milhões restantes, foi pedido para que R$ 15 milhões fossem destinados à Odebrecht para que a empresa fizesse o repasse para a campanha do Sérgio Cabral e do seu vice, Pezão […] os outros R$ 15 milhões foram para o PP. Eu não fazia repasse para o PMDB”. 

Em nota, a Alumini Engenharia (antiga Alusa) "refuta completamente" as afirmações feitas por Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa. A empresa afirma que não fez nenhuma doação para as campanhas de Sergio Cabral e de Luiz Fernando Pezão, e não participou de nenhuma ação ilícita. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.

*Texto alterado às 14h23 do dia 14 de dezembro de 2015 para acréscimos.

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