Medidas alternativas

Excesso de prisões fornece mão de obra
ao crime organizado, diz Nalini

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2 de dezembro de 2015, 19h54

Para o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, desembargador José Renato Nalini, o excesso de prisões, além de gerar ressentimento e revolta, fornece “mão de obra gratuita para as facções criminosas”. Segundo o magistrado, a população brasileira precisa mudar sua cultura, pois ela pensa que a única solução para os crimes é a prisão.

“Precisamos verificar qual é a estrutura do crime. Um pichador: você não acha que seria muito mais conveniente que fosse condenado a limpar a pichação que ele fez? Alguém que destrói uma mata, não seria muito mais razoável que ele fosse condenado a fazer a restauração de uma área? Aquele que gosta muito de dinheiro e pratica um crime financeiro. Qual é o órgão mais sensível, não é o patrimônio dele?”, disse em entrevista ao UOL.

Divulgação
Nalini criticou a cultura brasileira de pedir cada vez mais prisões.

Nalini também questionou a efetividade das prisões efetuadas. “Não é fácil, porque nossa resposta tem sido essa: encarcerar. E nós estamos recuperando? A sociedade só sabe pedir prisão. Prisão, prisão, prisão. Nós temos mais segurança porque estamos prendendo mais?”

O desembargador argumentou que essa postura da população é “egoística” e só muda quando o criminoso em questão é um parente. “Ela só muda quando esse bandido é o meu filho, é o meu sobrinho, é o meu genro, é o filho do meu amigo.”

O presidente do TJ-SP também destacou a importância da audiência de custódia. De acordo com Nalini, além da redução de custo devido ao menor número de pessoas presas, a medida também ajuda a mudar a cultura da população. “O principal é tutelar adequadamente a liberdade, por isso que nós ousamos fazer a audiência de custódia.”

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