Perseguição imprudente

Responsáveis por morte de jornalista argentino durante a Copa são condenados

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17 de agosto de 2015, 21h44

Mais de um ano após o fim da Copa do Mundo, Rodrigo Fonseca e Marcelo Cavalcante foram condenados por homicídio culposo e roubo de veículo no processo sobre a morte do jornalista argentino Jorge “El Topo” López, que à época estava no Brasil para cobrir o evento. Rodrigo foi condenado a seis anos e cinco meses de reclusão, e Marcelo, a 11 anos. A sentença foi proferida pelo juiz Gláucio Roberto Brittes de Araújo, da 4ª Vara Criminal de Guarulhos (SP).

A defesa da família do argentino já declarou que irá recorrer ao Tribunal de Justiça por acreditar que a pena é branda e não condiz com a gravidade do ocorrido.

“El Topo” morreu no dia 9 de julho de 2014, em Guarulhos, horas antes de a Argentina vencer a Holanda na semifinal do Mundial. O jornalista foi atingido no táxi que estava pelo carro conduzido por Fonseca e Cavalcante, que fugiam da Polícia Militar após terem roubado o veículo. A família diz que aguardava a decisão de primeira instância do caso e alguns documentos para iniciar um processo contra o estado de São Paulo pela imprudência e negligencia dos policiais, que teriam provocado a batida de carro que resultou na morte do argentino.

“É uma covardia o Estado dizer que não pode se responsabilizar pelo ato de terceiros. Foi uma perseguição desmedida, feita sem nenhum tipo de precaução, e isso resultou na morte de Jorge. Ao realizar a Copa do Mundo, o mínimo que se esperava do Estado era que proporcionasse segurança para quem viesse participar do evento”, afirma Carlo Frederico Müller, advogado que representa a família do jornalista argentino e sócio do Müller e Müller Advogados.

Sujeito aos riscos
Outro ponto lastimado por Müller é a condenação por homicídio culposo — a escolha de indiciar por esse crime já havia sido tomada quando a defesa entrou no caso. “Não conseguimos entender como o Ministério Público não viu dolo na situação. Dois sujeitos que roubam um carro e saem em perseguição em alta velocidade é claro que estão se sujeitando ao risco de praticar um homicídio. Infelizmente, não temos o que fazer nesse sentido”, explica o advogado.

A defesa de “El Topo” também avalia a possibilidade de processar a Fifa, mas Müller diz que ainda está estudando a jurisprudência existente para saber se é possível responsabilizar a instituição pelo ocorrido. 

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