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MPF denuncia policiais que apontaram erros e problemas na operação "lava jato"

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15 de agosto de 2015, 19h19

Um delegado e um agente da Polícia Federal foram denunciados criminalmente por terem apontado a existência de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef, preso na operação "lava jato", e vícios na sindicância aberta para conduzir o caso, de acordo com o blog do jornalista Fausto Macedo, do O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal denunciou o delegado Mário Renato Castanheira Fanton e o agente Dalmey Fernando Werlang criminalmente por calúnia e difamação.  Eles são acusados de se associarem “para ofender a honra dos colegas”. 

Segundo a denúncia, os policiais acusados tinham como objetivo desestabilizar as apurações e tentar algum tipo de nulidade legal na condução do caso, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras

O MPF afirma que nenhuma das irregularidades apontadas pelos dois acusados existiram.  “Ao contrário do que insistem os acusados em dizer, não houve nenhuma espécie de coação″, diz a acusação, que toma ares de defesa da "lava jato". 

A denúncia narra que, em março de 2015, o delegado Fanton, lotado na delegacia da PF em Bauru (SP), foi para Curitiba para cumprir “missão” de “conteúdo sigiloso” na Superintendência da Polícia Federal no Paraná. Mas não foi dada continuidade à missão e ele teve que retornar a Bauru.

Nesse período, o agente Werlang atuava no Núcleo de Inteligência da PF (NIP), em Curitiba, comandado pela delegada Daniele Rodrigues, que, segundo o MPF, também seria alvo das supostas calúnias.

Os acusados teriam se encontrado entre os dias 2 e 3 de maio, “imediatamente após o afastamento de Fanton”. “Após esses encontros, associaram-se para ofender a honra dos colegas que entendiam ser os responsáveis pelo afastamento”, registra a denúncia. 

A partir de então, passaram a apontar problemas no caso da escuta colocada na cela de Alberto Youssef e na sindicância que apurou o caso. Eles teriam se envolvido em um suposto plano que incluiria um depoimento colhido de forma ilegal de um agente. Em depoimento à Corregedoria da PF, Fanton afirmou ter havido coação a um terceiro agente envolvido no episódio da escuta na cela de Youssef, chamado Romildo.

O delegado Fanton levou ao Ministério Público Federal acusação de que três delegados das investigações da "lava jato" haviam cometido “coação no curso do processo”. Na Corregedoria-Geral da Polícia Federal, Fanton também disse que um agente federal sofreu algum tipo de pressão para não indicar eventuais culpados “no decorrer da sindicância”.

Na denúncia, o procurador do Grupo de Controle Externo da Atividade Policial do MPF defende o órgão e diz que “ao contrário do que insistem os acusados em dizer, não houve nenhuma espécie de coação sobre o agente Romildo no que diz respeito ao seu depoimento perante a sindicância realizada no ano de 2014″. 

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