Falas de delatores

Para advogado de tesoureiro do PT, prisão foi decretada sem provas

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16 de abril de 2015, 20h39

A defesa de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT que foi alvo de nova fase da operação “lava jato”, afirma que ele foi preso com base apenas em “conjecturas e prognósticos” relatados em depoimentos de delatores. Em nota, o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso definiu a medida como uma “injustiça” e negou que o cliente tenha cometido irregularidades.

Ao decretar a prisão preventiva, no dia 13 de abril, o juiz federal Sergio Fernando Moro disse que Vaccari foi citado em uma série de depoimentos como intermediário de relações fraudulentas entre dirigentes da Petrobras e empreiteiras. Um dos delatores — o executivo Augusto Mendonça Neto, do grupo Toyo Setal — relatou ter feito repasses de quase R$ 300 mil a uma gráfica ligada ao PT.

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Vaccari foi preso na última terça (15/4), depois de ter sito citado por delatores.
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Moro também apontou que a mulher e a filha de Vaccari movimentaram em suas contas valores sem origem identificada.

Outro problema, na avaliação do juiz, é que o tesoureiro continuava em sua função mesmo depois de ter sido acusado. “Em tal posição de poder e de influência política, poderá persistir na prática de crimes ou mesmo perturbar as investigações e a instrução da ação penal”, afirmou, citando a necessidade de manter a ordem pública.

O advogado de Vaccari, porém, diz que todas as questões poderiam ter sido resolvidas em depoimentos. Segundo D’Urso, o cliente nega ter relação com depósitos na gráfica citada e não vê irregularidade nas contas da mulher e da filha, pois todos os valores foram declarados e têm origem em atividades profissionais, afirma. Ainda conforme o advogado, manter as funções no partido não era problema, pois Vaccari vinha colaborando com a Polícia Federal e com a Justiça.

“Assim, toda a base de fundamentação para se decretar a referida prisão preventiva não encontra respaldo em nenhuma prova, tampouco nas hipóteses previstas em lei, não havendo nem mesmo indícios de autoria ou de materialidade”, declara a nota. D’Urso ainda estuda como entrar com Habeas Corpus.

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